Diário de São Paulo
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Impacto das Queimadas na Economia

Picanha dispara 43% com avanço das queimadas, revela pesquisa

Impacto dos incêndios e da seca atinge duramente o preço das carnes e do café no país

Crise ambiental e seca afetam diretamente o custo da carne e de outros alimentos essenciais - Imagem: Reprodução / Freepik
Crise ambiental e seca afetam diretamente o custo da carne e de outros alimentos essenciais - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 04/10/2024, às 08h53


A recente onda de queimadas e secas intensificou a alta dos preços de produtos alimentícios no Brasil, afetando diretamente a produção de carne e outros itens de necessidade básica. De acordo com uma pesquisa realizada pela Neogrid, divulgada com exclusividade à CNN, o preço da picanha foi o mais impactado, subindo 43,5% em apenas seis semanas. O corte, que custava R$ 59,62 no início de agosto, saltou para R$ 85,56 em meados de setembro.

A principal causa dessa alta expressiva é o aumento dos incêndios em áreas de pastagem, que forçou a migração da criação de gado para sistemas de confinamento, muito mais caros. A seca prolongada agrava ainda mais a situação, reduzindo a capacidade das pastagens naturais e afetando a oferta de carne no mercado.

Além da carne, outros produtos essenciais também sofreram com a crise ambiental. O café, por exemplo, teve uma alta de 14,4% no mesmo período, enquanto o feijão subiu 22,1%. Essas elevações são consequência direta da perda de áreas de cultivo, com lavouras sendo atingidas pelos incêndios e pela antecipação da entressafra devido à falta de chuvas.

Segundo Anna Fercher, head de Customer Success e Insights da Neogrid, os produtores estão enfrentando um cenário de prejuízos generalizados. "A combinação de seca e queimadas não só destrói as pastagens, como também afeta as colheitas, forçando a redução da oferta de alimentos e aumentando os custos de produção", explica Fercher.

O estado de São Paulo, um dos principais polos de produção agrícola do país, foi particularmente afetado. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), aproximadamente 230 mil hectares de lavouras de cana-de-açúcar foram destruídos por incêndios apenas em agosto, representando 75% da produção paulista. O resultado dessa devastação já se reflete no aumento de 5,9% no preço do açúcar refinado, outro item de consumo popular.

Em todo o Brasil, os incêndios devastaram uma área equivalente ao tamanho do estado da Paraíba, com a maioria dos casos ocorrendo em regiões de pastagem usadas para a pecuária. Esse cenário cria um efeito cascata no mercado, elevando os preços de produtos que vão além das carnes, como o leite, que também sofreu um aumento de 9,6%, saindo de R$ 6,02 para R$ 6,60 por litro.

Com o avanço das queimadas e a persistência da seca em diversas regiões do país, a tendência é que os custos de produção continuem subindo, impactando diretamente os preços ao consumidor. "Os produtores estão sendo forçados a repassar os aumentos, já que os custos para manter a produção, especialmente em sistemas de confinamento, são muito mais altos", afirma Fercher.

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