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COLUNA

Um ano repleto de sonhos e de frustrações para lulistas e bolsonaristas

Lulistas e bolsonaristas - Imagem: Reprodução | O Globo
Lulistas e bolsonaristas - Imagem: Reprodução | O Globo
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 31/12/2023, às 07h03


Começamos o ano com um novo governo. Quem votou no Lula estava feliz, realizado, esperançoso. Afinal, haviam conseguido retirar Bolsonaro do poder. Como eles mesmos diziam, acabaram com o genocida. Iriam realizar seus sonhos: comer picanha, tomar cerveja, trocar os eletrodomésticos, colocar os filhos na faculdade, viajar de avião. Tudo de bom.

Por outro lado, os bolsonaristas se mostravam acabrunhados. Depois de quatro anos, estava tudo muito bem plantado, com a economia azeitada e o caminho bem pavimentado para uma reviravolta na história do país. O mundo, porém, veio abaixo.

Resultado não esperado

Assim que o resultado das urnas foi divulgado, os eleitores do então presidente ficaram perplexos. Como explicar que aquela multidão fiel a Bolsonaro em todos os cantos do país não havia garantido sua eleição?!

Passado um ano da posse do novo presidente, muitos de seus eleitores se sentiram enganados. Não havia picanha nem cerveja. Havia, mas não para o bolso da maioria. Os eletrodomésticos se tornaram ainda mais inacessíveis. O preço das passagens se tornou proibitivo. Ou seja, as promessas de campanha não passaram de peça de ficção.

Realidade desanimadora

Os mais fanáticos tentam encontrar explicações aqui e ali. Buscam argumentos em números nem sempre confiáveis. Mas, por mais que esperneiem, a realidade se distancia cada vez mais do discurso.

Observam Lula pregando a pacificação, mas o tempo todo atacando o ex-presidente e seus eleitores. Falando em melhoria na qualidade de vida, mas pensando apenas em gastar e aumentar impostos. Constatam que as empresas estatais que eram lucrativas, agora amargam prejuízos milionários.

Incoerências

E que nos mínimos detalhes existe incoerência. Se de um lado o presidente prega a necessidade de uma vida sem ostentação, dizendo, por exemplo, que um televisor é mais que suficiente para uma família, apresenta comportamento distinto. A cada dia ficam sabendo dos gastos astronômicos com cortinas, sofás, camas, limpeza de piscinas e hotéis luxuosos.

Assistem atônitos o chefe do Executivo zanzando para cima e para baixo com sua esposa, enquanto o país enfrenta problemas que exigiriam, pelo menos como estímulo, a presença do chefe de estado. A explicação é que com as viagens dispendiosas trará mais investimentos para o país. O que se constata, entretanto, é que houve uma redução significativa dos capitais externos – menos 40% até outubro.

Desânimo bolsonarista

Os eleitores de Bolsonaro, por seu lado, além de presenciar todos esses desacertos, sofrem com a falta de perspectiva. Seu líder está inelegível. Ainda não surgiu um nome de peso que pudesse substituí-lo. Corre o risco de ser preso. Os seus desafetos estão ocupando os postos mais importantes do país. Muitos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) já se pronunciaram contra a figura do candidato perdedor das eleições.

É um desânimo geral. Quem votou em Lula, ainda que tente encontrar argumentos para defendê-lo, quando estão sozinhos com os próprios pensamentos sabem que a situação não é boa, foi um ano diferente do que imaginavam ser. E que as perspectivas não são nada animadoras.

Futuro desalentador

Quem votou em Bolsonaro, mesmo tentando alimentar algum otimismo, vê pela frente um quadro de incertezas, sem chances de reversão. Torcem por um milagre que sabem ser impossível. Nutrem um sentimento de impotência que só os desanima.O país, que poderia estar muito melhor, caminha para um futuro desalentador.

Estamos terminando o ano e começaremos uma nova etapa. São aqueles instantes em que as esperanças se renovam. É como se pudéssemos passar uma borracha no passado e abrir outro caderno, onde uma nova história poderia ser escrita. É sempre assim em todos os anos.

Mudanças de ano novo

Às vezes esses sonhos acalentados pela estreia de uma nova roupa, das sementes de romã na carteira, dos três pulinhos nas ondas da praia, dão certo. Fatos inesperados e auspiciosos surgem para que a vida seja vivida de forma mais plena. Ninguém é capaz de prever o dia de amanhã. Ninguém!

Na maioria das vezes, entretanto, o ano começa exatamente como terminou o anterior. Ao contrário, quase sempre, por causa da decepção, fica tudo ainda mais difícil. Nesse momento é preciso reunir as forças que restam, retomar o fôlego e pegar a vida com a mão. Com a certeza de que só nós somos responsáveis por tudo o que acontece conosco.

A vida é nossa

Não podemos esperar ajuda do governo, porque é daí que não vem nada mesmo. Nem imaginar que seremos bafejados por algum milagre, pois eles só acontecem a partir das nossas próprias iniciativas.

Por isso, vamos nos esquecer de Lula, de Bolsonaro, dos políticos e da sorte. Deixemos essa turma de lado e cuidemos nós do nosso futuro. Não há outro caminho - só com trabalho, atitude, persistência e disciplina é que teremos condições de viver a vida melhor que desejamos. Feliz Ano Novo.

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