por Reinaldo Polito
Publicado em 01/09/2024, às 10h16
A notícia caiu como uma bomba na campanha dos adversários de Pablo Marçal na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Segundo levantamento do Instituto Veritá, divulgado no dia 27 (terça), o candidato pelo PRTB foi para o topo na preferência dos eleitores – 30,9% das respostas espontâneas indicam a intenção de voto no seu nome.
Um verdadeiro passeio sobre os concorrentes. Boulos ficou com 21,6% e Ricardo Nunes com 14,2%. Os seguintes, Datena, Tabata Amaral e Marina Helena juntos somaram 15,7%. A última pesquisa realizada foi no final do ano passado, e os resultados não podem ser comparados porque o quadro de candidatos sofreu alterações.
Os motivos da reviravolta
Já na pesquisa realizada pelo Instituto Gerp, divulgada no dia 30 (sexta), seu nome também está em primeiro lugar, com 24%. Foi mais um levantamento que deixou todos os concorrentes para trás: Boulos com 22% e Ricardo Nunes com 19%. José Luiz Datena (PSDB), Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo), a exemplo da outra pesquisa não chegaram aos dois dígitos.
O que explica a reviravolta na corrida eleitoral paulistana? Essa é daquelas perguntas “de um milhão”. São vários fatores isolados que se conjugam para dar a Marçal essa estonteante subida. O primeiro e, possivelmente, maior de todos os motivos é ter conseguido se tornar conhecido pela população devido à sua atuação nas redes sociais.
A contundência e presença de espírito
O candidato não apenas tem um número elevado de seguidores como também instiga o compartilhamento de trechos de suas participações em debates e entrevistas. Com respostas contundentes e extraordinária presença de espírito, ele anima as pessoas a repassarem seu desempenho. Viraliza.
O seu crescimento também pode ser justificado por ser visto como um candidato antissistema, disposto a romper com as regras engessadas que se perpetuam a cada eleição. Afora Bolsonaro, que, durante a entrevista na Globo, teve a ‘ousadia’ de revelar que Roberto Marinho foi a favor da Revolução de 1964, poucos têm esse topete.
A catarse eleitoral
Marçal conquistou essa parte expressiva do eleitorado porque se comporta como se interpretasse as próprias frustrações, anseios e desejos daqueles que o acompanham. Fala o que os ouvintes e telespectadores gostariam de falar. E nessa espécie de catarse faz com que o público se sinta liberado de suas emoções, quase sempre muito contidas.
Diz Aristóteles na “Arte poética” que a catarse representa a purificação das almas. Segundo a sua tese, ela se dá por uma poderosa descarga de sentimentos e emoções, a partir da observação das tragédias ou dramas.
Quantos passaram a admirá-lo após aquele gesto espalhafatoso de mostrar a carteira de trabalho para Guilherme Boulos. O candidato do PSOL o chamou de Padre Kelmon, na tentativa de associá-lo à figura do padre quando concorreu à presidência e tumultuou o debate na Globo.
A carteira de trabalho
Marçal, rapidamente, retirou do bolso uma carteira de trabalho e partiu para o revide, mostrando a carteira como se fosse uma cruz: “Vou exorcizar o demônio com uma carteira de trabalho”. Em seguida disse que o adversário era vagabundo, que nunca havia trabalhado.
Em apenas dois dias, houve 70.200 menções à carteira de trabalho nas redes sociais. Até hoje as pessoas compartilham o episódio. Essas atitudes de Marçal o tornaram bastante conhecido e mostraram uma coragem que não é tão comum nas disputas eleitorais.
A comunicação simples e articulada
Outro aspecto que deve ser ressaltado em suas apresentações é a maneira articulada e, ao mesmo tempo, simples de se comunicar. Esse ar meio despretensioso faz com que se aproxime das pessoas, que passam a vê-lo como um igual. Essa autenticidade foge das características comuns dos políticos e o torna um candidato diferenciado.
Os opositores, na tentativa de barrar seu crescimento, conseguiram temporariamente impedi-lo de usar as redes sociais. Foi um plano desastrado, pois alguns que estavam em dúvida se votariam ou não nele viram nessas ações uma perseguição, e afastaram suas resistências.
A fuga do debate
Outra “ajuda” que recebeu dos adversários foi o fato de eles não comparecerem a um debate. Ficou claro para a população que essa recusa ocorreu pelo receio de enfrentá-lo, já que no confronto anterior ele havia levado boa vantagem.
Esse estilo “rebelde”, anticonvencional foi experimentado com sucesso por Donald Trump, ao vencer as eleições norte-americanas em 2016, por Jair Bolsonaro, ao se eleger presidente em 2018 e por Javier Milei, ao conquistar a presidência na Argentina este ano.
Nem sempre é possível identificar os motivos pelos quais um candidato conquista o coração do seu eleitorado, pois há causas que passam despercebidas até por aquele que vence as eleições. Temos aqui um conjunto de informações que talvez nos ajudem a refletir e, quem sabe, a entender.
Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de Oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão de Marketing e Comunicação, Gestão Corporativa e MBA em Gestão de Marketing e Comunicação na ECA-USP. Escreveu 37 livros, com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram: @polito pelo facebook.com/reinaldopolito pergunte no https://reinaldopolito.com.br/home/
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