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Eleições

Será que povo na rua significa povo nas urnas?

Será que povo na rua significa povo nas urnas? - Imagem: reprodução grupo bom dia
Será que povo na rua significa povo nas urnas? - Imagem: reprodução grupo bom dia

Reinaldo Polito Publicado em 18/09/2022, às 11h09


No dia 2 de outubro vamos tirar a prova. O que vale mais para eleger o Presidente da República? Será que é a multidão que acompanha nas ruas cada passo de Bolsonaro? Será que é o resultado das pesquisas, que captam a escolha dos silenciosos, decididos a votar em Lula? A disputa está aberta. As opiniões sobre quem será o vencedor se baseiam mais em torcida política que propriamente em convicção. A ansiedade é grande, pois só temos duas semanas de campanha pela frente. E os outros candidatos? A terceira via tentou, mas não emplacou.

Bolsonaro, por onde passa, de um extremo a outro do país, desde pequenas comunidades até as cidades mais populosas, tem feito comícios com plateias a perder de vista. No dia 7 de setembro, por exemplo, o chefe do Executivo motivou milhões de pessoas a saírem de suas casas para comemorar a data da independência do Brasil e dar apoio à sua campanha. Foi uma participação sem precedentes em nossa história.

Outro dado que impressiona são os sucessivos recordes de audiência nos inúmeros podcasts de que tem participado. Em alguns casos permaneceu de quatro a cinco horas com mais de 600 mil pessoas, acompanhando ao vivo. Não é diferente com suas entrevistas nos programas de rádio e televisão.

A maior bandeira de Bolsonaro está na defesa da família, da pátria e da liberdade. Ostenta também a proeza, segundo ele, de não ter tido nenhum caso de corrupção confirmada em seu governo. A economia começa a se recuperar com indicadores que surpreenderam até a comunidade internacional. São iniciativas e resultados que explicam a presença dessa massa de apoiadores.  

Lula, seu adversário mais próximo, ao contrário, tem evitado falar no corpo a corpo com seu eleitorado. Nas vezes em que se apresentou em público, o resultado foi bastante sofrível. Teve de falar em eventos pouco representativos. Os organizadores até tentaram mostrar outra realidade, divulgando cenas com ângulos fechados, para dar a entender que havia grande quantidade de simpatizantes reunidos. O artifício, todavia, foi desmontado rapidamente. Logo em seguida, outras imagens com ângulos abertos registraram que as mesmas reuniões estavam com poucos participantes, e que tudo não passou de truque de filmagem.

Nos podcasts de que tem participado, o resultado de audiência fica bem aquém dos números de Bolsonaro. Em certos casos foi até quatro vezes inferior. Esses fatos, entretanto, aparentemente, não afetam o ânimo dos lulistas. Eles encontraram argumentos que julgam ser convincentes.

Dizem que o ex-presidente não tem ido ao encontro dos eleitores por questão de segurança. Ele receia que a polarização política criada no país possa provocar algum atentado contra a sua vida. Não está errado. Temos de concordar que a rinha está brava mesmo. Outra questão que precisa ser considerada é a sua debilidade física. A voz está desgastada, enrouquecida, sem força. Dá a impressão, às vezes, de não ter condições para chegar ao final do discurso.

Hoje, Lula não é nem sombra do grande orador que já foi. Só em alguns momentos mostra lampejos da sua habilidade de falar em público, aquela comunicação excepcional que lhe permitiu chegar duas vezes à presidência.

Esses fatos, porém, parece que não incomodam a campanha petista, já que nas pesquisas o ex-presidente tem nadado de braçada. Só para dar uma ideia, no Datafolha de sexta-feira, 16, Lula surfa livre, leve e solto nas intenções de voto com 45%, enquanto Bolsonaro amarga pífios 33%. Se esses dados estiverem corretos, basta um pequeno vento favorável para que o petista vista a faixa já no primeiro turno. 

O país está curioso. Todo mundo quer saber qual será o resultado das eleições. Será que esse apoio demonstrado pelas pesquisas se confirmará assim que os votos forem apurados? Os eleitores de Lula, mesmo permanecendo em casa, sem se manifestar nas ruas, comparecerão às urnas em número suficiente para eleger seu candidato? Do lado de Bolsonaro, essa manifestação de apoio que tem recebido nos quatro cantos do país irá se transformar em votos, contrariando assim cada uma dessas pesquisas?

Como será que os dois candidatos irão se comportar nesses dias que antecedem a data da eleição? O que cada um fará para não perder o voto daqueles que já se decidiram pelo seu nome? Quais serão as estratégias para seduzir os indecisos? Mais que programa de governo, neste momento vale a competência dos candidatos, e, principalmente, de seus marqueteiros, em desconstruir a imagem do adversário. O mais malvadão pode levar. Siga pelo Instagram: @polito

Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão Corporativa e Gestão de Comunicação e Marketing na ECA-USP. Presidente Emérito da Academia Paulista de Educação. Escreveu 34 livros com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram @polito pelo facebook.com/reinaldopolito pergunte no [email protected]

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