Saiba o que pode destruir a qualidade da sua comunicação

Ao longo das últimas quatro décadas, treinei dezenas de milhares de pessoas para falar em público. Observei em cada caso quais eram os principais problemas dos participantes, análise que me levou a uma conclusão importante pela sua abrangência e significado.

Embora todos os oradores apresentem suas peculiaridades e exijam orientação adequada para superar algumas dificuldades específicas, há três deficiências que são comuns em quase todos: não sabem organizar o pensamento, sentem medo de falar em público e não dominam a expressão corporal.

Aqueles que conseguem superar esses desafios e desenvolvem essas habilidades se transformam em bons comunicadores. Por isso, para aprimorar sua competência oratória vale a pena investir nesse aprendizado. 

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Ordenação lógica do raciocínio – Essa é a maior deficiência apresentada pelas pessoas quando falam em público. A maioria não sabe concatenar e estruturar o pensamento e trunca a sequência lógica do discurso. Até os mais experientes sentem dificuldade para ordenar as ideias.

Não é raro constatar que oradores, até traquejados, se apresentem sem a mínima noção de como desenvolver cada uma das partes do discurso. Alguns, precipitados, entram diretamente no assunto, sem preparar de maneira conveniente os ouvintes para que possam receber bem a mensagem.

Muitos pulam de uma etapa para outra sem nenhum planejamento. No momento de finalizar voltam à introdução, em seguida repetem os argumentos já expostos, tornando-os frágeis pelo excesso de uso. Por isso, tenha o cuidado de organizar com bastante critério tudo o que pretende transmitir.

Um esquema útil – Comece cumprimentando as pessoas de acordo com a formalidade da circunstância. Conte qual o assunto a ser desenvolvido. Esclareça o problema a ser solucionado. Dê a solução do problema com apoio dos argumentos. Use um exemplo para ilustrar. Afaste as possíveis objeções. Conclua pedindo para que o público reflita ou aja de acordo com a sua proposta.

O medo de falar em público - o medo descontrolado é um grande inimigo da boa comunicação. Quando a pessoa é tomada pelo nervosismo, não consegue projetar a voz com volume e ritmo adequado. Perde a espontaneidade. Trunca a sequência das ideias. Fala rápido ou devagar demais. Enfim, revela desconforto e se mostra despreparado para se expressar diante da plateia.

Quase todas as pessoas, de forma mais ou menos acentuada, sentem medo de falar diante de uma plateia. Principalmente os profissionais que ocupam posição de destaque não se conformam com o desconforto de falar diante das pessoas. Dizem que é uma deficiência que não combina com a experiência e a posição que ocupam.

O caminho para vencer – O medo exige estudo, observação e muita prática. Para combater esse desconforto siga estas sugestões: conheça com bastante profundidade o assunto que irá apresentar. Saiba o que pretende dizer em cada uma das etapas da exposição, desde o início até a conclusão. Pratique o máximo que puder. Quanto mais você exercitar, mais confiante se sentirá. Aprenda a identificar seus aspectos positivos de comunicação. Observe se tem boa voz, postura elegante, facilidade para contar histórias, presença de espírito. Enfim, descubra quais são seus pontos fortes e se apoie neles.

Expressão corporal - Anthony Giddens, importante filósofo social inglês da atualidade, no livro Modernidade e identidade, afirma: “Aprender a tornar-se um agente competente - capaz de se juntar aos outros em bases iguais na produção e reprodução de relações sociais - é ser capaz de exercer um monitoramento contínuo e bem-sucedido da face e do corpo”.

Ou seja, manter o domínio sobre o corpo em todas as situações sociais é fator essencial para você se sentir competente. Além disso, o autor acrescenta que 'ser um agente competente significa não só manter tal controle contínuo, mas ser percebido pelos outros quando o faz'.

Assim, aprenda a monitorar sempre o seu corpo para que se sinta com o domínio das ações e se mostre confiante. Tendo esse controle será possível que a sua segurança seja percebida também pelos outros.

Controle e confiança – Procure distribuir o corpo sobre as duas pernas, dessa forma não ficará apoiado ora sobre uma delas, ora sobre a outra. Evite ficar o tempo todo com as mãos nos bolsos, com os braços nas costas ou cruzados. Gesticule moderadamente, sem fazer movimentos rápidos de ir e voltar com as mãos. Não esfregue ou aperte as mãos, pois assim não revelará que não está á vontade. Olhe para todos os lados do auditório.

Esse é um bom início para que você possa aprimorar a qualidade da sua comunicação.