por Reinaldo Polito
Publicado em 21/04/2024, às 08h05
A manifestação convocada por Bolsonaro para o Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, neste domingo, 21, já indicava perspectivas de sucesso garantido antes mesmo da sua realização
Além da multidão sem precedentes esperada para este ato, gente graúda confirmou presença. Entre os mais destacados estão os governadores Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), de São Paulo; e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.
Confirmaram a participação também 8 senadores e 60 deputados federais. É uma adesão de tirar o chapéu. Essa participação atesta o prestígio de Bolsonaro. Estando sem mandato e sendo inelegível, dá demonstração de força política de causar inveja a todos aqueles que desejam um lugar ao sol.
Lista de espera
Talvez outras presenças surpreendam. Como se trata de um evento político vultoso, alguns deixam para decidir na última hora. Pesam e sopesam as vantagens e desvantagens antes de colocarem o nome na lista de presença.
Se concluírem que uma foto ao lado do ex-presidente poderá render dividendos eleitorais, vão embarcar. Se, ao contrário, julgarem que haverá risco para sua campanha ou a de seus apadrinhados, darão algum tipo de desculpa e ficarão de fora. É uma tomada de posição delicada. Quem não comparecer poderá perder alguns pontos com o eleitorado.
Há de se considerar também o fato de que, na manifestação de 25 de fevereiro, na Paulista, alguns políticos compareceram, mas ficaram eclipsados diante de estrelas mais expressivas. Por isso, talvez, prefiram não correr esse risco novamente.
Sólon e Jânio
Eu me lembro de um fato bastante curioso. Certa vez convidei o ex-presidente Jânio Quadros para um evento promovido pelo nosso curso. Foi num domingo. Na segunda-feira recebi a visita de um querido amigo, o deputado Sólon Borges dos Reis. Ele me cumprimentou com a simpatia de sempre e perguntou olhando nos olhos:
“Polito, por que você não me convidou para esse evento?” Fui sincero na resposta: “Deputado, você já foi em tantos eventos meus que achei melhor não incomodar desta vez”. Sólon falou como um pai: “Meu amigo, em uma reunião como essa, com a presença do presidente, qualquer político quer estar presente”.
Eu me desculpei e disse que tinha uma surpresa para ele. Coincidentemente, tanto eu quanto Jânio Quadros havíamos citado de forma elogiosa o nome de Sólon. Gravei os trechos com esses comentários e entreguei a ele. Ao ouvir, parecia uma criança que havia recebido um presente.
Foto desejada
Pois é, em um palanque como o deste domingo no Rio, é difícil que um político recuse participar. Com certeza, no balanço final, muitos que não haviam confirmado presença estarão lá posando para a foto.
Bolsonaro é o maior fenômeno político da atualidade. Não importa se você gosta ou não dele. Para esta análise é importante deixar de lado a ideologia. Difícil, eu sei. Quase impossível. Mas podemos nos esforçar para fazer um exercício de isenção. Pense por um instante: será que existe no país um político que consiga reunir tanta gente em uma manifestação?!
Sem concorrência
Não. O segundo lugar está tão longe que não teria condições de pôr nas ruas um décimo da multidão que atende aos chamados do ex-presidente. Alguns até tentaram. Fizeram convocações, escolheram bem o dia, aproveitaram os ventos favoráveis, distribuíram lanchinho, mas que nada, não sensibilizaram pessoas suficientes para completar duas quadras. Flopou!
Grande comício político
Não tem jeito. Para tirar as pessoas de casa só mesmo uma grande motivação. As circunstâncias atuais constituem ótimo incentivo para que muita gente esteja presente. Bolsonaro, mais uma vez, insistiu para que os manifestantes se comportassem dentro dos limites constitucionais.
Como as eleições deste ano estão logo aí, esses “comícios políticos” poderão ter enorme influência na decisão dos eleitores. Quanto mais gente comparecer, maior será a demonstração da capacidade de influenciar a votação.
Embora digam que são apenas pré-candidatos, para cumprir a legislação, todos sabemos que a intenção é mesmo de campanha sem trégua já nesses primeiros momentos que antecedem a propaganda política oficial.
Demonstração de força política
Os adversários tentam minimizar a importância do evento. Procuram desqualificar o ex-presidente, dizendo, por exemplo, que ele está enrolado com diversos processos e, por isso, tenta iludir seus seguidores.
No fundo, sabem que, ao contrário do que afirmam, manifestações como essa só acontecem devido ao poder de liderança de Bolsonaro, pois ninguém mais seria capaz hoje no país de produzir um feito dessa magnitude.
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