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Como o ataque para destruir Trump foi tiro que saiu pela culatra

"Aquilo a que você resiste, persiste." - Carl Jung

Donald Trump. - Imagem: Reprodução | Gage Skidmore via Wikimedia Commons
Donald Trump. - Imagem: Reprodução | Gage Skidmore via Wikimedia Commons
Reinaldo Polito

por Reinaldo Polito

Publicado em 07/01/2024, às 08h55


Trump está com o couro cada vez mais endurecido. Desde que resolveu se candidatar à presidência dos Estados Unidos pela primeira vez, o ex-presidente não teve um único dia de paz. A artilharia pesada contra ele começou já em 2015 quando “ousou” ser o representante dos Republicanos para chegar à Casa Branca.

A imprensa, em sua maioria, não poupava críticas. Se pesquisarmos nas notícias daquela época, provavelmente não encontraremos um único elogio ao “milionário pretensioso”. Agressivo, falastrão, debochado, irônico, preconceituoso eram alguns dos adjetivos com os quais se referiam a ele. Assim que o seu topete apareceu na política estadunidense, disseram que Trump não poderia ser levado a sério. Os adversários zombavam na tentativa de desqualificá-lo.

Mudaram

Pouco tempo depois, vendo que os eleitores não eram induzidos pelas críticas oposicionistas, mudaram o discurso e passaram a dizer que não podiam brincar com “um maluco”. Sem medir as palavras, falava o que pensava. Jamais teve a preocupação com o politicamente correto. Em uma entrevista, por exemplo, ironizou a jornalista Megyn Kelly, dizendo que fora agressiva com ele porque estava menstruada.

Em vez de perder votos com essas atitudes, ganhou ainda mais popularidade. Quando os Democratas se deram conta, o “destemperado” já estava com 24% das intenções de votos. Aqui no Brasil, os jornalistas faziam coro com o que era publicado nos Estados Unidos. A maior parte das matérias se referia a ele como misógino, xenófobo, tarado, mentiroso, superficial e despreparado.

Ameaçou

A revolta contra sua candidatura era tão feroz que alguns do próprio partido resolveram abandonar a campanha. Sem abaixar a cabeça, ameaçou ser candidato independente, caso os Republicanos não o escolhessem. Os desafetos não se conformavam com sua presença no cenário político. Os comentários se repetiam: “Esse cara não passa dessa semana”. E ele continuava. “Escapou desta, mas não continua na próxima”. E nada acontecia.

Embora vencendo os debates contra sua adversária, Hillary Clinton, os analistas insistiam em afirmar que ele fora derrotado. Um pouco de isenção, porém, bastava para constatar que não era verdade, pois Trump vencera os confrontos. E foi assim que contra tudo e contra todos ele se elegeu presidente.

Não se reelegeu

Por pequena margem não se reelegeu. Até hoje os Republicanos duvidam do resultado das eleições. Em todo caso, passado é passado. Para os Democratas, entretanto, a sombra de Trump continua pairando sobre as urnas de votação. Por isso, mesmo fora do poder, não passou um dia sequer sem que tentassem barrar sua candidatura para 2024. Fizeram esforço descomunal para torná-lo inelegível. Espernearam, estrebucharam, mas, até aqui, fracassaram.

Pesquisas recentes indicam que Trump pode vestir a faixa presidencial novamente. Segundo levantamento do Wall Street Journal, mesmo com toda a máquina à sua disposição, Biden atinge 43% das intenções de votos contra 47% de Trump. Os números preocupam os Democratas.

Há um dado bastante curioso: Biden conserva 87% daqueles que o apoiavam em 2020. Um número bastante expressivo. Quando, todavia, comparado com o resultado de Trump, o quadro chega a ser desesperador, pois o ex-presidente mantém a fidelidade de 94% do eleitorado que o elegeu em 2016.

Continuam

E quando tudo parecia estar serenado, eis que outras cascas de banana são jogadas à sua frente. Nesta semana a Suprema Corte Americana resolveu que irá analisar se o ex-presidente deverá ou não ser impedido de concorrer às primárias. Essa decisão foi tomada em vista de o estado do Colorado ter vetado sua candidatura.

Será mais uma vírgula nas extensas páginas escritas na biografia de Trump. Seu impedimento seria algo surpreendente, já que os componentes desse órgão judicial são de maioria conservadora. E mais, três dos juízes foram nomeados pelo acusado.

Esses desafios enfrentados diuturnamente por Trump, em vez de enfraquecê-lo, o tornam ainda mais forte e competitivo. Vamos acompanhar. Caso vença, será que essa sua resiliência e obstinação serão suficientes para resolver os graves problemas que afetam os Estados Unidos? E, vamos concordar – não são poucos.

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