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Sustentabilidade

COP 27: Ministro do Meio Ambiente exalta o potencial do Brasil como economia verde

Joaquim Leite também explicou como o país está avançando a agricultura regenerativa

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite - Imagem: reprodução/Facebook
Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 19/11/2022, às 18h31


Durante sua participação na COP 27, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ressaltou o potencial do Brasil como uma das maiores potências agrícolas do planeta. Ele afirmou que o país pode se tornar referência em energia limpa e renovável, além de um dos maiores exportadores de créditos de carbono do globo.

O evento da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima terminou na última sexta-feira (18), em Sharm El-Sheik, no Egito.

Diante dos desafios para a preservação da Amazônia, considerada a maior floresta tropical do mundo, assim como de outros biomas, Joaquim Leite pontuou que o Brasil tem um longo caminho a seguir para reduzir suas emissões de CO2 e contribuir para o combate das mudanças climáticas. Mas, enfatizou que esse trabalho precisará do apoio de nações desenvolvidas.

“O Brasil chega cobrando dos países desenvolvidos o financiamento que foi comprometido há vários anos e que até hoje não virou realidade para os países em desenvolvimento. Os números já passam de um trilhão de dólares de financiamento para que a gente possa criar uma nova economia verde e neutra de emissões”, declarou. “Esse é um desafio global e o Brasil participa desse desafio trazendo soluções climáticas lucrativas para desenvolver essa nova economia verde, especialmente junto ao setor privado”.

Ao longo do evento, o ministro detalhou como o país está se inserindo nesta nova economia verde que está se formando no planeta.

“O Brasil tem uma matriz plural, diferente dos outros países. O que nós trouxemos dessa conferência aqui no Egito, na COP 27, é o Brasil das energias verdes. Biomassa, energias solar e eólica. A gente tem um potencial excedente de 100 gigawatts de instalação. Além disso, temos uma área ainda inexplorada, que é a eólica no mar. São 700 gigawatts de energia eólica no mar. Só para se ter uma ideia, o Brasil hoje tem uma capacidade instalada de 180 gigawatts. Uma Itaipu tem 12 gigawatts. Então, o potencial (da eólica offshores) é de praticamente 50 Itaipus do mar”.

Agroindústria

Ao lado do compromisso com o meio ambiente, Leite reforçou a relevância do Brasil dentro do setor de alimentos e classificou a agricultura nacional de regenerativa.

“O Brasil bate recordes ano a ano de produção. O último recorde foi esse ano mesmo, com 312 milhões de toneladas de grãos. É por essa característica de produção brasileira tropical, com muita tecnologia, que nós temos a agricultura mais sustentável do mundo. A agricultura brasileira vai ser parte da solução para absorver carbono da atmosfera. Num futuro muito próximo, será possível medir os cultivares não somente pela produção de sacos de soja, de milho, mas pelo volume de carbono que ele absorve da atmosfera e fixa no solo. O país deve continuar nessa direção de produzir mais, usando menos recursos naturais e absorvendo carbono da atmosfera”, explicou.

Como chegar a uma economia verde?

Na COP 27, o país estabeleceu um acordo voltado para a proteção de florestas tropicais com a Indonésia e o Congo, formando um bloco dos países com as maiores florestas tropicais do mundo. De acordo com Leite, esse relacionamento foi construído visando não apenas a preservação da biodiversidade, como também na transformação das florestas como pilares principais de uma economia verde.

“Nós entendemos que a melhor forma de proteger a floresta é fazer com que ela tenha valor econômico, valor contábil e monetário. Assim, é possível remunerar quem cuida de floresta”, esclareceu. “Esses três países têm um volume relevante de florestas tropicais no mundo e precisam ser reconhecidos e remunerados por essa atividade. Uma atividade de proteger a floresta tem que ter valor econômico e, assim, desenvolver a região com essa atividade de proteção”, completou.

Apesar do grande trabalho que o governo brasileiro, empresas e cidadãos têm pela frente, o ministro demonstra otimismo pelo país já estar estabelecido em três importantes pilares da economia verde: energia renovável 100% limpa e barata, agricultura regenerada e exportação de crédito de carbono para empresas e países poluidores.

No entanto, Leite apontou para as dificuldades que o mundo enfrenta, novas oportunidades que podem surgir e como o Brasil vai se inserir neste cenário.

“O grande desafio do mundo hoje é gerar energia limpa em abundância. Do outro lado, temos o fator da comida. O Brasil tem uma agricultura regenerativa, que fixa carbono no solo, e tudo isso pode ser acelerado pela receita extraordinária de crédito de carbono. O mecanismo de crédito de carbono é um indicador de desempenho que traz receitas extraordinárias a projetos que aconteceriam no futuro e podem acontecer hoje no presente do Brasil”, finalizou.

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