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Após acusações de Bolsonaro a Boric durante debate, Chile entra em contato com Brasil e faz pedido

Os chilenos se sentiram ofendidos após afirmação de Jair Bolsonaro sobre o atual presidente deles, Gabriel Boric

Chile convoca embaixador do Brasil em protesto contra ataques de Bolsonaro a Boric - Imagem: reprodução TV Band / Freepik
Chile convoca embaixador do Brasil em protesto contra ataques de Bolsonaro a Boric - Imagem: reprodução TV Band / Freepik

Vitória Tedeschi Publicado em 29/08/2022, às 17h17


Nesta segunda-feira (29), o Chile convocou o embaixador brasileiro em Santiago, Paulo Roberto Soares Pacheco, para protestar contra as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre, Gabriel Boric, no debate presidencial do último domingo (28).

Na ocasião, Bolsonaro acusou o presidente do Chile de "queimar o metrô" nos protestos de outubro de 2019. Afirmação que, de acordo com a chanceler chilena, Antonia Urrejola, é "falsa" e "gravíssima".

De acordo com o jornal chileno "La Tercera",foi enviada uma citação ao embaixador do Brasil na capital do Chile para apresentar uma nota formal de protesto.

Como governo nos parece que essas declarações são gravíssimas, obviamente são absolutamente falsas (...). Lamentamos que tirem proveito do contexto eleitoral para polarizarem as relações bilaterais através da desinformação e das notícias falsas - disse a chanceler.

A polêmica fala de Bolsonaro sobre Boric veio no fim do debate, quando o presidente fazia suas considerações finais.

"Lula apoiou o presidente do Chile também. O mesmo que praticava atos de tocar fogo em metrôs lá no Chile. Para onde está indo o nosso Chile?", afirmou o presidente Bolsonaro.

Com a afirmação, Bolsonaro referia-se às maiores manifestações da História chilena, em outubro de 2019, que começaram com reclamações sobre o aumento do preço do metrô, mas ganharam demandas sociais mais amplas, refletindo também a rejeição ao governo do presidente conservador Sebastián Piñera.

Na época, Boric era deputado e atuou como um dos principais mediadores entre os manifestantes e o Legislativo para que houvesse uma saída institucional para a crise, com o referendo em que os chilenos votaram pela convocação de uma Constituinte para mudar a Carta herdada da ditadura de Augusto Pinochet.

Gabriel Boric assumiu a presidência do Chile em março de 2022, aos 36 anos. Ele é um ex-líder estudantil que fez sua campanha calcada no discurso da esperança e defendendo representar o anseio por mudanças, com a promessa de fortalecer um estado de bem-estar social no país.

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