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Povos Originários

Bolsonaro diz que situação dos indígenas Yanomamis é 'farsa da esquerda'

O ex-presidente usou o Telegram para rebater as acusações de Lula sobre ele ter abandonado a população

Bolsonaro diz que situação dos indígenas Yanomamis é 'farsa da esquerda' - Imagem: reprodução Instagram
Bolsonaro diz que situação dos indígenas Yanomamis é 'farsa da esquerda' - Imagem: reprodução Instagram

Jessica Anjos Publicado em 22/01/2023, às 13h49


Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República, usou o aplicativo de mensagens Telegram para rebater as acusações do atual presidente Lula sobre ele ter abandonado a população indígena Yanomami. Nos últimos anos, o povo teve mais de 500 mortes por desnutrição em Roraima, Boa vista.

O texto compartilhado pelo Telegram tinha o seguinte título: "Contra mais uma farsa da esquerda, a verdade". Nele, Bolsonaro cita ações feitas pelo Ministério da Saúde em favor dos povos indígenas durante seu mandato. Porém, no documento, o ex-presidente não cita os dados de mortes indígenas neste período. Houve um aumento significativo a partir de 2019.

No último sábado (21), o presidente Lula fez uma visita ao povo Yanomami, ao lado da ministra dos Povos Originários Sonia Guajajara, viu de perto e compartilhou imagens da crise de saúde pública e humanitária que eles estão enfrentando. Os indígenas carecem de atendimento médico, transporte e sofrem com desnutrição.

A região está tomada por garimpeiros, além disso, há denúncias de negligência do governo do Estado.

"É desumano o que eu vi aqui. Sinceramente, se o presidente que deixou a Presidência esses dias em vez de fazer tanta motociata tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse tão abandonado como está", acusou Lula.

De acordo com UOL, no texto compartilhado pelo Telegram Bolsonaro diz que entre 2020 e 2022 foram realizadas 20 ações de saúde focadas nos povos indígenas. "Os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do Governo Federal. De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de Atenção Básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS", diz o texto.

"Outra medida inicial foi a adoção do protocolo sanitário de entrada em territórios indígenas. Tanto no ano de decretação da pandemia quanto no seguinte foram produzidos informes técnicos de orientação aos serviços de saúde sobre diagnóstico, testagem, prevenção, controle e isolamento", aponta outro trecho da declaração.

Porém, dados do relatório "Povos Indígenas e Meio Ambiente", realizado e compartilhado em 2022 pelo Coletivo RPU Brasil apontam muitos problemas na gestão, dentre eles:

  • Aumento na mortalidade de bebês indígenas. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre janeiro e setembro de 2019, morreram 530 bebês indígenas até 1 ano de idade;
  • Em 2020, o desmatamento na Amazônia atingiu a maior taxa em 12 anos;
  • A Funai operou com um terço de sua força de trabalho;
  • 1.029 escolas indígenas não funcionam em prédios escolares, 1027 escolas indígenas não tem regulamentação, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC). E mais, 1970 escolas não têm água filtrada, 1076 não têm energia elétrica e 1634 não têm saneamento básico;
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