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Trabalho escravo

Trabalhadores cobram ONU por ação contra escravidão no Brasil

O alerta aconteceu depois de denúncias sobre as condições vividas por trabalhadores, em vinícolas no Sul do Brasil

Trabalhadores cobram ONU por ação contra escravidão no Brasil - Imagem: reprodução Conectas Direitos Humanos
Trabalhadores cobram ONU por ação contra escravidão no Brasil - Imagem: reprodução Conectas Direitos Humanos

Vitória Tedeschi Publicado em 18/03/2023, às 14h32


Na última sexta-feira (17), as denúncias sobre condições análogas à escravidão no Brasil chegaram até a Organização das Nações Unidas (ONU), durante a 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos. Isso após trabalhadores e entidades de direitos humanos pedirem que a comunidade internacional se mobilize e crie ações que acabem com essas práticas.

Em um discurso durante o evento que aconteceu em Genebra, entidades como Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais (Adere-MG), Business Human Rights Resource Center, Conectas Direitos Humanos e Oxfam Brasil insistem que as violações no país continuam acontecendo.

Apenas nesse início de 2023, já são centenas de trabalhadores resgatados em situação de escravidão moderna no Brasil. Em comum, o fato da imensa maioria destes trabalhadores serem negros e trabalharem em cadeias globais de valor, o que, por si só, já demonstra que este, que foi o último país das Américas a abolir a escravidão, segue, em pleno século XXI, atado à uma lógica escravocrata e colonial", disseram eles.

O alerta acontece depois de denúncias e revelações sobre as condições vividas por trabalhadores, emvinícolas no Sul do Brasil, caso cujas entidades usaram como exemplo para chamar a atenção para um fator em comum nesses casos: "a imensa maioria destes trabalhadores serem negros e trabalharem em cadeias globais de valor, o que, por si só, já demonstra que este, que foi o último país das Américas a abolir a escravidão, segue, em pleno século XXI, atado à uma lógica escravocrata e colonial".

No discurso, as organizações também ressaltaram a importância em aprovar o PL (Projeto de Lei) 572/22, que prevê o Marco Nacional sobre Direitos Humanos e Empresas e estabelece diretrizes para a promoção de políticas públicas sobre o tema. Agora, o PL aguarda a designação de relator na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados. 

Além disso, as entidades, em sua fala na ONU, elogiaram o posicionamento do novo ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, sobre a necessidade de uma Política Nacional de Direitos Humanos que contemple o combate ao trabalho escravo aponta para o comprometimento do governo com o tema.

Porém, é também necessário que, na seara internacional, haja um comprometimento para responsabilizar as empresas que estão no topo da cadeia produtiva pelas violações que ocorrem em todo o seu processo de produção", pressionam os grupos.
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