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Crueldade

Motorista esfaqueia melhor amigo até a morte por motivo revoltante

Divino Carlos Pires foi condenado a 13 anos de prisão e deve pagar indenização à família da vítima

O crime aconteceu em maio de 2021, em Anápolis (GO) - Imagem: Freepik
O crime aconteceu em maio de 2021, em Anápolis (GO) - Imagem: Freepik

Mateus Omena Publicado em 16/02/2023, às 11h05


Um motorista foi condenado a 13 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado por homicídio qualificado, por matar um amigo por causa de um pacote de feijão.

O crime aconteceu em Anápolis, a 55 km de Goiânia e o réu foi identificado como Divino Carlos Pires, responsável pela morte de Adnilson Ferreira de Sousa, de 48 anos. O assassinato aconteceu em 8 de maio de 2021 e o suspeito foi preso no dia seguinte.

Segundo a TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo, Adnilson foi morto a facadas por motivo fútil e com frieza, classificou o juiz que avaliou o caso, na última quarta-feira (15).

"Este [Divino] teria ligado para o filho antes do fato, ocasião em que teria lhe dito que esfaquearia a vítima expressando, ainda: 'eu vou fazer merda, eu vou fazer uma besteira', o que expressa a frieza do acusado e denota especial reprovabilidade na conduta do agente, pois importa na demonstração mais concreto de dolo [culpa] mais intenso", descreveu a sentença.

A defesa de Divino disse que o réu agiu em legítima defesa, no entanto o juiz negou. O advogado usou também o argumento de homicídio privilegiado, que foi acatado pelo magistrado.

O juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende condenou o suspeito também ao pagamento de uma indenização de R$ 150 mil à família da vítima, como forma de reparação aos danos.

O magistrado explicou que negou a tese de legítima defesa porque "foi evidente a desproporcionalidade da reação do réu em relação à provocação da vítima, vez que já teria saído do local dos fatos, pelo que não vislumbro nível extremo de emoção capaz a justificar a diminuição".

"Restou demonstrado que, após o término da discussão oriunda do desarranjo comercial, a vítima ingressou em seu veículo para ir embora. Porém, o acusado o chamou para retornar ao local dos fatos, motivo pelo qual a vítima precisou dar ré em seu veículo para verificar 'o que ele queria'. Ao descer do veículo, o acusado desferiu as facadas na vítima, ou seja, mesmo tendo a possibilidade de encerrar a desavença, persistiu em seu intento", disse o juiz.

Na época do assassinato, a polícia afirmou que Adnilson foi morto porque não concordou com o valor cobrado por um pacote de feijão e chamou Divino de ladrão.

Entenda o crime

De acordo com a denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Divino foi a um supermercado da cidade e encontrou Adnilson com a esposa guardando sacolas de compras no carro do casal. Em seguida, ele teria oferecido ajuda e aproveitou para vender um novo feijão para a vítima.

Adnilson ficou interessado no produto e, na casa do acusado, ele pediu R$ 50 em feijão e entregou uma nota de R$ 100 a Divino, informou a denúncia. Depois da pesagem do alimento, a vítima teria discordado da quantidade comparada ao valor pago e pediu o dinheiro de volta.

Divino teria dito que Adnilson não pagou o valor pedido e assim começou a briga. Diante da situação, a vítima disse que só sairia da casa com seu dinheiro e, quando isso foi feito, ela saiu da casa com a companheira.

Inconformado, Divino teria ido atrás do homem com uma faca.

“Para consumar o seu intento, ao visualizar a vítima embarcar no automóvel, o denunciado proferiu xingamentos contra ela e ordenou que descesse do carro, que a ‘ensinaria a não chamar os outros de ladrão’. A vítima desembarcou do veículo, instante em que Divino, valendo-se da faca, desferiu-lhe quatro golpes, sendo três no tórax e um no abdômen, provocando-lhe hemorragia pulmonar e traumatismo torácico, causas eficientes de sua morte”, narrou a denúncia.

Ferido, Adnilson correu, mas foi perseguido por Divino, que foi impedido de continuar as agressões, pela esposa da vítima, que pediu para que ele não a matasse, segundo o MP-GO. Após as facadas, o suspeito teria fugido, mas foi encontrado no dia seguinte e confessou o crime.

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