Diário de São Paulo
Siga-nos
Violência

Estudante recebe carta com ameaça de morte e frase homofóbica em universidade: ‘Tem que morrer’

O caso está sob investigação da Polícia Civil

O estudante recebeu mensagens homofóbicas na apostila e em caderno - Imagem: reprodução/TV Centro América
O estudante recebeu mensagens homofóbicas na apostila e em caderno - Imagem: reprodução/TV Centro América

Mateus Omena Publicado em 22/10/2022, às 09h28


Um estudante de direito denunciou à Polícia Civil que recebeu ameaças de morte e sofreu homofobia por meio de uma carta, dentro da instituição.

O caso aconteceu na União das Faculdades Católicas de Mato Grosso (Unifacc), em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá (MT).

A vítima, de 32 anos, prestou queixa às autoridades nesta quinta-feira (20), dois dias depois do ocorrido. A Polícia Civil informou à TV Centro América, afiliada da Rede Globo, que está investigando a denúncia e a instituição de ensino.

O estudante, cuja identidade permanece sob sigilo, contou que uma de suas apostilas sumiu e, quando reapareceu, estava repleta de desenhos de cunho sexual e frases homofóbicas.

Dentro do caderno havia uma carta contendo mais ameaças de morte, além de dados pessoais dele, como RG, CPF, nome dos pais – já falecidos – e o endereço dele, assim como mensagens relacionadas ao suposto posicionamento político dele.

O texto diz que homossexuais seriam uma raça a ser extinta, um por um, e que ele seria um “petista vagabundo”. No início do texto, está escrito: “aqui, gente assim tem que morrer e é o que vai acontecer com você”. Depois de inúmeras ofensas, o texto termina dizendo “se mate, antes, e faça um favor para todos, mas, se não fizer, faremos por você. O aviso está dado”.

A vítima se mudou para Mato Grosso há 10 meses, mas é natural de Jundiaí (SP).

“Eu saí da minha cidade e me mudei na expectativa de mudar de vida. Agora, com tudo isso, fiquei desolado e estou com medo de sair na porta de casa. É uma situação triste. Esse tipo de posicionamento político e ter uma sexualidade me torna uma ameaça de morte. Eu não consigo acreditar. É revoltante”, desabafou.

A Unifacc declarou que está investigando o caso, mas sob sigilo em respeito ao estudante. A vítima alegou que a universidade tem prestado apoio psicológico a ele. No entanto, após a violência sofrida, considera voltar para a sua cidade natal.

“Vim atrás de algo melhor para minha vida, mas agora quero voltar para São Paulo. Não quero correr o risco de saber se vai dar em alguma coisa ou não”, assumiu.

Ele disse que faz tratamento para fobia social e, desde que recebeu as ameaças, tem tido mais dificuldade em se relacionar com as pessoas.

A criminalização da homofobia e da transfobia foi permitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019 e atos passaram a ser enquadrados no crime de racismo. A pena varia de um a três anos de prisão, além de multa.

Compartilhe  

últimas notícias