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FEMINICÍDIO

Estudo indica que a cada 15 horas, uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil

A pesquisa foi feita em oito estados e 72,70% dos casos foram cometidos pelo parceiro ou ex-parceiro

A pesquisa foi feita em oito estados e em 72,70% dos casos, foram cometidos pelo parceiro ou ex-parceiro - Imagem: Reprodução/Freepik
A pesquisa foi feita em oito estados e em 72,70% dos casos, foram cometidos pelo parceiro ou ex-parceiro - Imagem: Reprodução/Freepik

Ana Rodrigues Publicado em 07/03/2024, às 10h00


Em 2023, cerca de 586 mulheres foram vítimas de feminicídio, mortas em razão do gênero. Os dados abrangem oito estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Banhia, Pernambuco, Pará, Piauí, Maranhão e Ceará. Esse número corresponde a um caso a cada 15 horas. É o que diz o novo boletim Elas Vivem, da Rede de Observatórios da Segurança.

De acordo com a CNN, em 72,70% desses casos, o criminoso era parceiro ou ex-parceiro da vítima. Em 38,12% dos crimes, o assassino utilizou armas brancas e, em 23,75% por armas de fogo.

Bianca Lima, pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança, apontou para a importância do Estado na hora da denúncia.

O Estado precisa chegar nessas mulheres antes mesmo que a violência aconteça. É necessário facilitar a denúncia e não chamar atenção dos agressores, como a gente viu, a maioria dos agressores são conhecidos".

Segundo o boletim, a cada 24 horas, pelo menos oito mulheres foram vítimas de violência em 2023.

No total, foram registrados 3.181 mulheres vitimadas, representando um aumento de 22,04% em relação a 2022, quando o Pará e o Amazonas ainda não faziam parte do monitoramento.

Pelo quarto ano consecutivo, há escassos registros de raça/cor das vítimas, 71,72% das mulheres não tem informação racial. Nos casos de transfeminicídios, ou seja, feminicídios de mulheres transexuais, a pesquisa indicou 34 vítimas nas localidades analisadas.

A pesquisadora Bianca Lima apontou dois fatores para os aumentos dos casos de violência em todas as regiões monitoradas:

Ou as mulheres estão sofrendo mais violência, ou os estados estão registrando mais".

São Paulo

O estado registrou 1.081 casos de violência contra mulher em 2023. Onde sofreu um aumento de 20,38% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 898 casos.

São Paulo ainda registrou 482 tentativas de feminicídio e 174 feminicídios, 160 deles cometidos por companheiros e ex-companheiros e 83 deles foi usando arma branca. Também foram registrados nove transfeminicídios.

A capital teve os maiores registros, sendo 173 eventos de violência e 26 feminicídios.

Rio de Janeiro

No estado carioca, os casos de violência cresceram 13,94% de 2022 para 2023, indo de 545 casos para 621.

A capital fluminense concentrou os maiores registros do estado, onde foram 206 vítimas de violência e 35 feminicídios. Diferente de outros lugares, das 35 vítimas de feminicídios, 30 foram mortas por armas de fogo. Quatro das vítimas foram assassinadas por agentes do Estado.

Bahia

A Bahiaregistrou um caso de violência contra mulher por dia em 2023. A capital Salvador concentra o maior percentual das violências, onde foram 110 vítimas.

A Bahia é líder entre os estados monitorados nos homicídios de mulheres, com 129 ocorrências (mortes não classificadas como feminicídios).

Pernambuco

No nordeste, o estado tem o maior número de feminicídios, registrando 92 casos em 2023. E ainda teve o maior número de vítimas de feminicídio mortas com arma de fogo da região, com 28 casos.

Ceará

O Ceará registrou o maior número de feminicídios em seis anos, somado a 55 tentativas de feminicídio. Na capital Fortaleza, foram 11 mulheres mortas em razão do seu gênero.

No Nordeste, o estado registrou o maior número casos de vitimização de pessoas trans e travestis, com sete mortes.

Piauí

O estado teve uma alta expressiva nos casos de violência, com um aumento de quase 80%. Em 2023, foram registrados 202 casos e, em 2022, 113.

No total, foram 83 tentativas de feminicídios e 28 feminicídios.

Maranhão

O Maranhão registrou 195 eventos violentos em 2023, contra 165 em 2022. Ao todo, ocorreram 38 feminicídios. A capital São Luís foi o município com os maiores registros, com 34 vítimas de violência, sendo sete feminicídios.

Pará

De acordo com a Rede de Observatórios da Segurança, as desigualdades sociais e o garimpo agravaram as violências contra as mulheres no estado.

Em 2023, foi o primeiro ano que o estado fez parte do boletim e foram registrados 224 casos de violência. Foram monitoradas 110 tentativas de feminicídio e 43 feminicídios.

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