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Investigação

Advogada de suspeito de matar PM no Guarujá diz que ele nunca foi 'sniper'

Segundo a advogada, seu cliente mal sabe atirar, nunca pegou em arma de precisão e não passava de um "olheiro"

Segundo a advogada, seu cliente  mal sabe atirar, nunca pegou em arma de precisão e não passava de um "olheiro" - Imagem: Reprodução/Youtube UOL: Soldado da Rota morto no Guarujá: Suspeito se entrega e faz vídeo pedindo fim da matança a Tarcísio
Segundo a advogada, seu cliente mal sabe atirar, nunca pegou em arma de precisão e não passava de um "olheiro" - Imagem: Reprodução/Youtube UOL: Soldado da Rota morto no Guarujá: Suspeito se entrega e faz vídeo pedindo fim da matança a Tarcísio

Ana Rodrigues Publicado em 20/10/2023, às 11h07


Erickson David da Silva, conhecido como Deivinho, foi apontado por policiais como "sniper do tráfico". Porém, segundo sua advogada, ele mal sabe atirar, nunca pegou em arma de precisão e não passava de um "olheiro" (vigia) de uma biqueira no Guarujá, em São Paulo.

Segundo o UOL, Deivinho é acusado de matar o soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Patrick Bastos, no dia 27 de julho deste ano. O policial militar fazia patrulhamento com outros colegas de farda na Vila Zilda e estava na viatura da Rota quando foi atingido por disparo de pistola 9 mm.

Quatro dias depois do crime, os policiais civis da Baixada Santista apreenderam uma pistola 9 mm e projéteis do mesmo calibre em um beco da comunidade Vila Júlia. Os investigadores atribuíram a arma e os disparos a Deivinho e ele acabou sendo preso.

Exames residuográficos apontaram que Deivinho não tinha sinais de pólvora nas mãos. Os laudos periciais da Polícia Científica também constataram que a bala que matou o soldados Reis não saiu da pistola 9 mm, apresentada pelos policiais civis.

Depois da morte do soldado, 600 policiais foram deslocados à Baixada Santista para participar da Operação Escudo. As ações deixaram ao menos 28 mortos. E, ainda segundo o governo paulista, não houve abuso policial.

Ainda de acordo com a advogada Karina Renata Rodrigues, o rapaz é viciado em drogas, porém ele trabalhava como olheiro na comunidade em troca de entorpecentes e recebia R$50 por dia. A defensora ainda disse que Deivinho é muito pobre, morava em casa humilde e a mãe dele ganhava mais do que o filho fazendo faxina diária.

O Deivinho e o irmão Kauã Jazon da Silva, também acusado de envolvimento no crime, estão presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).

Karina afirmou que Deivinho nunca segurou um fuzil, um rifle ou qualquer arma de precisão e, portanto, jamais poderia ser chamado de "sniper".

Qual dono do tráfico seria doido a ponto de deixar armas tão caras nas mãos de um olheiro pobre e viciado?".

Sniper é a denominação de atirador profissional, de elite, que geralmente fica escondido buscando atingir o alvo com uma arma de precisão. Karina assegura que esse não era e jamais foi o perfil do cliente dela.

É uma acusação injusta, descabida e vergonhosa", desabafou.

A mulher também defende Kauã e diz que a situação dele é ainda pior do que a de Deivinho, porque ele é dependente químico, mais viciado do que o irmão, sendo inclusive conhecido como "noia" na comunidade, e nunca teve envolvimento com o crime.

Na avaliação de Karina, os laudos periciais indicavam que Deivinho é inocente e não matou o soldado Reis. A defensora espera que seus clientes sejam soltos o mais rápido possível.

Os dois irmãos não integram facção criminosa e foram parar direto na P-2 de Venceslau. Podem ser devorados", afirmou ela.

A SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou em nota que todas as circunstâncias relacionadas à morte do soldado Reis seguem em investigação minuciosa pela Delegacia do Guarujá. A pasta ainda disse que os laudos periciais e toda a documentação referente ao caso são analisados pela autoridade policial e também pela PM, por meio de Inquérito Policial Militar, para auxiliar no esclarecimento dos fatos.

É importante ressaltar que a possível arma utilizada no crime não foi apreendida com o criminoso, foi encontrada na mesma comunidade [Vila Zilda], assim como outras 118 armas apreendidas durante a operação. O indiciado [Deivinho] foi preso dias após o crime, em São Paulo, e a prisão não está embasada no armamento apreendido, mas nas provas testemunhais de outros criminosos que o apontaram como autor do crime", acrescentou a nota.
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