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Prefeitura investiga guardas por cobrarem taxa de proteção a comerciantes na Cracolândia

Sete agentes foram afastados. Eles ganhavam de R$ 1,5 mil a R$ 5 mil para proteger os prédios

Guardas Civis Metropolitanos (GCM) fazem ronda em região da Cracolândia, no Centro de São Paulo - Imagem: reprodução/Prefeitura de SP
Guardas Civis Metropolitanos (GCM) fazem ronda em região da Cracolândia, no Centro de São Paulo - Imagem: reprodução/Prefeitura de SP

Mateus Omena Publicado em 06/06/2023, às 15h59


A Prefeitura de São Paulo abriu nesta semana uma investigação contra um grupo de Guardas Civis Metropolitanos (GCM) por cobrarem uma taxa de proteção a comerciantes na Cracolândia, no Centro da capital paulista. 

De acordo com a denúncia, sete agentes foram afastados das atividades. Eles ganhavam de R$ 1,5 mil a R$ 5 mil para proteger os prédios.

Os suspeitos integram a IOPE (Inspetoria de Operações Especiais), agrupamento destinado para operações de maior risco.

As testemunhas contaram aos investigadores que durante uma negociação com empresários da Cracolândia, um dos guardas chegou a comparar a IOPE com a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa de elite da Polícia Militar paulista.

O grupo é alvo de apuração que ocorre sob sigilo na Corregedoria da GCM, informou a Prefeitura. O caso foi relevado pela TV Band e, mais tarde, confirmado pela TV Globo. 

Como o esquema funcionava

Os investigadores acharam uma lista de pelo menos 34 lojistas que aceitaram o acordo e teriam data limite para pagar a taxa de proteção, dentre restaurantes, lotéricas, chaveiros, oficina mecânica e até consultório dentista.

Chamados de "colaboradores de boa-fé que pagam a segurança", os integrantes tinham uma planilha pela qual controlavam os pagamentos.

Os guardas contavam com um grupo no WhatsApp para se comunicar com os lojistas. Em agosto de 2022, 10 dias após a cobrança passar a ser feita, um dos integrantes do esquema celebra que "com a ação dos seguranças e também com a força de segurança pública", as ações criminosas "a cada dia vem perdendo força".

Os guardas usavam o CNPJ de uma empresa chamada Law & Force Monitoramento LTDA, fundada em setembro de 2022, para o recebimento dos valores. 

A inscrição na Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) explica como "objetivo social" da empresa atividades de serviços de segurança e montagem e instalação de equipamentos de iluminação e sinalização. A empresa tem capital de R$ 10 mil.

O titular e único sócio listado na Jucesp é um dos GCMs investigados pela Corregedoria e afastado dos serviços de rua até a conclusão das investigações. Ele ocupa o cargo de classe especial na IOPE.

O Portal de Transparência da Prefeitura de São Paulo afirmou, em um comunicado à imprensa, que os Guardas Civis Metropolitanos de classe especial (categoria 4), a qual pertence o agente afastado, e atuam na região central da capital, recebem salários brutos que variam de R$ 7.531,49 até R$ 4.007,25.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo declara que "estava em curso investigação de desvios de conduta na região e que afastou sete servidores de suas funções na Inspetoria de Operações Especiais (Iope) da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Colocados à disposição da Corregedoria, todos estão restritos de atuação em qualquer área da GCM. As investigações seguem em sigilo até a completa correição da atuação da força de segurança, respeitando rigorosamente a legislação em vigor."

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