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Crise humanitária

Prefeitura de Guarulhos cobra ações do governo federal para conter crise dos refugiados

A cidade da Grande São Paulo tem sentido o impacto da chegada de milhares de afegãos

Prefeitura de Guarulhos cobra ações do governo federal para conter crise com a chegada de refugiados - Imagem: divulgação
Prefeitura de Guarulhos cobra ações do governo federal para conter crise com a chegada de refugiados - Imagem: divulgação

Nathalia Jesus Publicado em 16/06/2023, às 12h35


O prefeito de Guarulhos, Guti (PSD), junto ao Ministério de Portos e Aeroportos protocolou um ofício para cobrar ações de apoio do governo federal com a chegada de afegãos refugiados no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.

No documento, a prefeitura reforça uma antiga demanda de reconhecimento da cidade como uma fronteira do país. Além disso, pede que o governo federal assuma as ações de interiorização dos afegãos no país e maior apoio financeiro para fornecer alimentação daqueles que ainda permanecem no aeroporto e aguardam assistência.

Outros órgãos, como o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Casa Civil, a Organização das Nações Unidas, o Ministério Público Federal e o estadual também receberam o documento.

Por conta de algumas ações municipais, o Terminal 2 do aeroporto permaneceu por um período sem pessoas acampadas na espera por acolhimento, de acordo com informações da prefeitura. No entanto, o número de afegãos que aguardam no local voltou a subir nas últimas semanas. Atualmente, 141 pessoas se encontram no aeroporto, incluindo crianças, idosos e pessoas com comorbidades.

“Guarulhos segue trabalhando no atendimento e acolhimento desse público, mas apesar de todos os esforços continuamos sofrendo com a falta de recursos”, explicou o chefe do Executivo.

Guti reforçou ainda que o orçamento da cidade está desequilibrado desde o início da crise, já que o atendimento das mais de 3,5 mil pessoas no aeroporto entre janeiro de 2022 e maio de 2023 não estava previsto no orçamento municipal. “São demandas nos setores de saúde pública, moradia, assistência social e educação que não haviam sido inicialmente planejadas e estão sendo motivo de preocupação”, complementou.

No ofício, Guti também ressalta que questões como higiene precária e famílias abrigadas improvisadamente em espaço público e de forma completamente inapropriada, gerando aglomeração por um longo período, podem resultar na disseminação de doenças, principalmente respiratórias.

Para conter o problema, a cidade já aplicou cerca de 2 mil vacinas em pessoas que passaram pelo acampamento, além de ter realizado 120 consultas médicas que foram solicitadas pelas equipes de apoio.

“Guarulhos foi completamente surpreendida com a chegada dessa população no ano anterior, mas trabalhamos com o que tínhamos à disposição e com as instituições parceiras. Desde então a cidade passou a contar com 177 vagas de acolhimento para imigrantes, sendo 127 geridas pela municipalidade e outras 50 pelo governo estadual. Diante da atual situação, as nossas residências já estão lotadas e não há mais vagas para encaminhamento dos que estão no Terminal 2 neste momento”, explicou Fábio Cavalcante, responsável pelo Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, que efetua o primeiro atendimento dos afegãos.

Guarulhos cidade-fronteira

No dia 23 de fevereiro, o prefeito Guti protocolou junto ao Ministério de Portos e Aeroportos, um primeiro pedido para que Guarulhos fosse reconhecida como uma fronteira aérea do Brasil.

Com a solicitação, a prefeitura tem como objetivo facilitar o recebimento de recursos para o atendimento de migrantes e refugiados na cidade, já que o aeroporto de Guarulhos é o maior da América do Sul.

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