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SAÚDE

Casos de coqueluche avançam na capital paulista e ação urgente é requerida

Casos de coqueluche em SP aumentam 650%, destacando a urgência da vacinação contra a doença

Casos de coqueluche avançam na capital paulista - Imagem: Reprodução / Freepik
Casos de coqueluche avançam na capital paulista - Imagem: Reprodução / Freepik

Sabrina Oliveira Publicado em 12/06/2024, às 10h16


A cidade de São Paulo registrou 105 casos de coqueluche em 2024, levando a prefeitura a emitir um alerta aos serviços de saúde públicos e privados da capital. O aumento expressivo, que ocorreu principalmente nos últimos meses, destaca a necessidade de reforçar a importância da vacinação e sensibilizar os profissionais de saúde para a identificação precoce dos casos, notificação imediata e tratamento adequado.

Até maio, haviam sido registrados 32 casos, mas esse número saltou para 105 em junho, representando um aumento de 650% em comparação ao mesmo período de 2023. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, nenhum óbito foi registrado até agora no município, mas a situação exige atenção redobrada.

O que é a coqueluche?

A coqueluche, também conhecida como pertussis, é uma doença infecciosa de transmissão respiratória, causada pela bactéria Bordetella pertussis. Afeta principalmente crianças e bebês menores de um ano de idade. Embora não seja erradicada, a doença circula pelo país, tornando crucial a manutenção da vacinação em dia.

Sintomas e tratamento

Os sintomas da coqueluche podem variar de leves a severos. Inicialmente, os sinais são semelhantes aos de um resfriado comum, incluindo mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. No estágio intermediário, a tosse seca torna-se mais severa e descontrolada, podendo comprometer a respiração e provocar vômito ou cansaço extremo. Os sintomas podem durar entre seis a dez semanas ou mais, dependendo do quadro clínico de cada paciente. O tratamento é realizado com antibióticos, disponíveis nos serviços de saúde.

Impacto da pandemia e queda vacinal

A pandemia de Covid-19 restringiu o acesso ao sistema de saúde, levando à subnotificação de diversas doenças, incluindo a coqueluche. Entre 2020 e 2023, os registros anuais de casos de coqueluche em São Paulo não passaram de 12. No entanto, especialistas afirmam que a maioria dos casos recentes está relacionada à ausência de vacinação ou ao esquema vacinal incompleto.

A imunização é a principal medida de prevenção da doença. O aumento do número de casos está relacionado, sobretudo, à queda da cobertura vacinal," explica a infectologista Juliana Oliveira da Silva, do Centro de Vacinação do HCor. 

Fatores de risco

A principal vulnerabilidade à coqueluche está ligada diretamente à ausência de vacinação. Para as crianças, a imunidade à doença é adquirida através das três doses da vacina, com reforços necessários aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Adultos, mesmo vacinados na infância, podem se tornar suscetíveis novamente, pois a eficácia da vacina pode diminuir com o tempo.

Transmissão da coqueluche

A coqueluche é transmitida principalmente através do contato direto com gotículas expelidas por tosse, espirro ou fala de uma pessoa infectada, especialmente se a pessoa não estiver vacinada. Embora menos comum, a transmissão também pode ocorrer por meio de objetos recentemente contaminados com secreções de indivíduos doentes. A bactéria Bordetella pertussis, causadora da coqueluche, sobrevive por pouco tempo fora do corpo humano, mas a transmissão por objetos ainda é possível. O período de incubação, ou seja, o tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas, varia geralmente de 5 a 10 dias, podendo se estender de 4 a 21 dias, e raramente até 42 dias.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico precoce da coqueluche é complicado, pois seus sintomas iniciais são semelhantes aos de um resfriado comum ou outras doenças respiratórias. Para confirmação, o médico pode solicitar exames como a coleta de material da nasofaringe para cultura, PCR em tempo real, hemograma e raio-x de tórax.

O tratamento consiste principalmente no uso de antibióticos, que devem ser prescritos por um médico especializado. Crianças diagnosticadas frequentemente necessitam de hospitalização devido à gravidade dos sintomas, que podem ser fatais.

Complicações e prevenção

Embora a maioria das pessoas se recupere da coqueluche sem complicações graves, a doença pode levar a condições severas como hérnias abdominais, especialmente em crianças menores de seis meses, que são mais vulneráveis a infecções de ouvido, pneumonia, parada respiratória, desidratação, convulsões, lesões cerebrais e até a morte.

A vacinação é a medida preventiva mais eficaz contra a coqueluche. São Paulo oferece pelo menos dois tipos de vacinas contra a coqueluche na rede pública de saúde: a vacina de células inteiras, destinada a crianças menores de 7 anos, e a vacina acelular (dTpa), destinada a gestantes para proteger os recém-nascidos através da passagem de anticorpos maternos. Profissionais de saúde que atendem recém-nascidos também são vacinados com a dTpa.

Imunidade duradoura pode ser obtida após contrair a doença ou pela vacinação, que requer no mínimo três doses da pentavalente (DTP+Hib+Hepatite B) e reforços aos 15 meses e aos 4 anos de idade com a tríplice bacteriana (DTP). Gestantes devem receber uma dose da vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação, com reforços a cada nova gravidez, pois a imunidade pode diminuir após 5 a 10 anos da última dose.

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