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Como bancos de Londres ajudaram ultrarricos e criminosos a ocultar fortunas

Imagem Como bancos de Londres ajudaram ultrarricos e criminosos a ocultar fortunas

Redação Publicado em 11/07/2022, às 00h00 - Atualizado às 09h23


Quando invadiu a Ucrânia, a Rússiachamou a atenção do mundo sobre o papel do Reino Unido na lavagem do dinheiro sujo do Kremlin. É um problema enorme, que ajudou a financiar a criação de uma autocracia agressiva que agora está matando milhares de pessoas e expulsando milhões de suas casas. Mas isso é apenas uma parte de algo muito maior.

Não apenas a riqueza russa, mas dinheiro de toda parte do mundo é lavado em montantes assombrosos. Todos os anos, US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) é roubado das nações em desenvolvimento, e uma parcela significativa deste valor passa por Londres ou seus paraísos fiscais satélites — a “lavagem offshore”.

Mas o que isso significa?

Pode parecer desconcertante, mas, no fundo, é uma ideia simples. Foi inventada na City de Londres (centro financeiro da capital britânica, equivalente à Wall Street em Nova York, nos EUA). E talvez seja a contribuição mais importante do Reino Unido na história recente. Sem o “offshore”, o mundo seria um lugar bem diferente.

Em 1944, já antevendo a vitória, os Aliados estavam planejando o mundo pós-Segunda Guerra Mundial. Eles queriam construir um sistema financeiro global melhor do que aquele que levou à depressão da década de 1930 e à catástrofe da guerra, na sequência. Sua criação recebeu o nome do pequeno complexo americano onde ocorreram as negociações: Bretton Woods.

“Este sistema estabeleceu regras que dificultaram a transferência de fundos por meio das fronteiras”, segundo explica a historiadora Vanessa Ogle, da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.

“Qualquer entrada ou saída de fundos expressiva poderia ter um impacto desestabilizador — como aconteceu no período entre guerras —, por isso era destinado a ajudar os países a evitar fluxos excessivos de dinheiro indesejados e permitir que estabilizassem suas moedas e protegessem suas economias.”

Os financistas britânicos aceitaram, por sua vez, a necessidade de um sistema financeiro menos aberto e mais protetor, para dar ao mundo a oportunidade de se reconstruir — mesmo que isso significasse um papel menor para a City de Londres.

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