por Marcus Vinícius De Freitas
Publicado em 24/05/2023, às 09h17
Devagar e paulatinamente, Lula da Silva vai-se dando conta de que o contexto internacional deste seu terceiro mandato na presidência do Brasil é muito diferente. O mundo mudou bastante na última década e a situação global requer outro tipo de atuação. Se naqueles anos o problema eram as crises financeiras nos Estados Unidos e Europa, o mundo atual apresenta desafios ainda maiores: a recuperação econômica lenta pós-pandemia da Covid-19, a Guerra na Ucrânia e um ambiente econômico global mais hostil, com uma ausência lastimável de lideranças globais capazes de enfrentar os enormes desafios deste século XXI.
O fato é que a pauta da Cúpula de Hiroshima estava muito clara: (i) sustentar a ordem internacional baseada no estado direito, particularmente quanto aos desafios impostos pela invasão russa do território ucraniano; e (ii) fortalecer o relacionamento do bloco com o Sul Global. Os dois objetivos estavam muito claros: no primeiro caso, aumentar as sanções à Rússia. E no segundo, diluir a relevância e tentar conter a China em sua atuação, particularmente focada no Sul Global, onde o país é, certamente, o maior parceiro comercial. A maior parte das discussões estava voltada às sanções à Rússia em razão da Guerra na Ucrânia e, também, provocar a China, através da chamada cooperação no Indo-Pacífico, no sentido de fortalecer a presença norte-americana na região e conter o avanço chinês.
Para Lula da Silva, que pretendia projetar-se internacionalmente como propositor de um plano de paz que – diga-se de passagem – ninguém sabe no que consiste, efetivamente, a reunião do G7 lhe foi uma sinuca de bico. Com a visita “surpresa” de Volodymyr Zelensky à Cúpula, o objetivo ficou muito evidente quanto ao escopo fundamental desta Cúpula de Hiroshima: reforçar a aliança com os países europeus e Estados Unidos, e também, forçar os países neutros – Brasil, Índia e Indonésia – a assumirem um apoio tácito à Ucrânia. O objetivo era pressionar o máximo possível a reverterem sua posição.
O fato é que, por não ter nada efetivo a propor, a reunião com Volodymyr Zelensky seria totalmente esvaziada. E, ao final da reunião, com a preocupação de ganhar pontos na audiência doméstica no Brasil, Lula da Silva poderia reverter o posicionamento acertado de neutralidade com um impacto enorme sobre as parcerias de longo prazo do Brasil.
O encontro faria sentido e seria produtivo somente se Lula da Silva tivesse um plano de paz efetivo e coerente ou caso o Brasil tivesse mudado seu posicionamento – firmado no governo anterior e mantido pelo atual – de manter-se neutro em razão dos interesses que afetam o Brasil mais profundamente. Como a conversa não teria efetividade alguma – tanto para Zelenskyy como para Lula da Silva, não fazia sentido o encontro. O líder ucraniano está engajado em uma batalha pela opinião pública global, com o objetivo não só de manter o apoio dos países do Ocidente ao seu esforço de guerra, mas também reverter o posicionamento das populações do Sul Global. O Sul Global, do qual o Brasil é uma voz importante, não está muito convencido sobre a validade da guerra e não pretende ser incluído num conflito por procuração que, nada mais é do que, efetivamente, um conflito requentado herdado da Guerra Fria.
A decisão mais acertada para Lula da Silva deveria ter sido não participar da Cúpula de Hiroshima, até porque os resultados alcançados foram pífios. Tampouco o G7 tem a relevância que possuía no passado, tendo-se transformado, basicamente, num encontro anual de países insatisfeitos com o crescimento e ascensão da China que não oferecem, de fato, alternativas aos investimentos chineses pelo mundo.
Agora, um mérito de Lula da Silva é saber que, embora sua estratégia tenha a ver mais com uma viagem egocêntrica de protagonismo internacional, num país que não tem envergadura diplomática para tanto, o conflito ucraniano-russo, que é irracional, está ficando cada vez mais sério. O fato de os Estados Unidos permitirem à Ucrânia usar jatos F-16, um de seus equipamentos de guerra, é praticamente uma declaração de guerra, por parte da OTAN, à Rússia e do interesse na continuidade do conflito pelo menos por uns seis (6) meses. Também beira a hipocrisia o Ocidente querer proibir a China de auxiliar a Rússia, quando, praticamente, ultrapassou todos os limites que deveriam prevalecer.
Outra questão importante tem a ver com o dia seguinte da Guerra. A situação é complexa. Se a Rússia ganhar a guerra, em princípio, não haverá enormes alterações no cenário global, além da aceleração na queda da relevância dos países da OTANno contexto global. No entanto, uma derrota da Rússia é uma preocupação muito mais séria. Afinal, quais seriam os desdobramentos dessa derrota: a queda de Putin e sua substituição por quem? Ou seria a repartição da Rússia em países menores? Como seria a nova estruturação do poder na região, considerando que, no caso de repartição em vários estados nuclearmente armados, o caos poderia ser ainda maior. Os países, na região, nos pós-União Soviética têm-se caracterizado mais por lideranças autocráticas que democráticas. Não seria mais perigoso lidar com vários governos nuclearmente armados que um só?
O histórico do Ocidente na avaliação do dia seguinte tem sido péssimo: basta observamos os resultados negativos do Iraque, Afeganistão e Líbia. A liderança que temos no mundo atual também é preocupante para lidar com o desafio de uma Rússiafragmentada e a possibilidade de um acirramento na guerra: Biden não é Roosevelt, Sunak não é Churchill. Mas estas são questões que, provavelmente, não passaram na cabeça de Lula da Silva ao buscar o holofote global. No entanto, a posição da neutralidade é muito válida e faz perfeito sentido ao Brasil. É preciso ter maturidade e preocupar-se com o dia seguinte. Este é um aspecto fundamental que faz muita falta às atuais lideranças no país!
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