por Kleber Carrilho
Publicado em 20/05/2023, às 08h36
A propósito da cassação do mandato do Deltan Dalagnol, uma coisa é evidente: ele é um personagem melhor do que Sérgio Moro. Tem uma fala mansa, representa o bom menino, que trabalhou muito e conquistou a marca da competência e a da moralidade. É um jovem senhor, de família e religioso.
Por isso mesmo, serviu para dar uma forma aparentemente decente a um projeto que não tem nada de decência e quer, por meios pouco claros, tomar a República de assalto. Agora, que o projeto está correndo riscos, os personagens começam a ser descartados. Dalagnol, com certeza, foi um desses descartes. Quem precisou dele para conquistar posições de poder, neste momento, finge que nem o conhece.
Mas não é só ele que vai ser esquecido. Muitos dos que apareceram nos últimos tempos, principalmente os homens da geração que hoje está entre os quarenta e os cinquenta, da qual eu faço parte, serão deixados de lado, por diversos motivos, mas principalmente pela fragilidade.
Por isso, aproveito também para retomar uma ideia que vem me perturbando há algum tempo: essa fragilidade dos homens líderes da minha geração. Considerando que estou exatamente entre os quarenta e os cinquenta, e por isso posso falar mal de onde estou, peço que você me ajude a fazer aqui uma lista de homens que se apresentam como líderes no Brasil e estão nessa faixa de idade. Viu como é difícil? Deve ter aparecido aí na sua busca: Sérgio Moro, Flávio Bolsonaro, Rodrigo Garcia, Luciano Huck (que já tem 51, mas podemos incluir), Guilherme Boulos… Quem mais?
Pode ser que você tenha pensado em um ou outro a mais da sua região, mas tenho quase absoluta certeza de que é alguém sem muita capacidade de juntar gente. Deve ter capacidade de gritar, usar as redes para distribuir certezas, mas só.
De forma irresponsável, tento explicar por que isso ocorre: a maioria é composta por filhos de pais que alcançaram algum sucesso em relação à geração anterior, não viveram crises econômicas graves na vida adulta, e por isso se acham protegidos de tudo. Portanto, é gente mimada, e Dalagnol também representa tudo isso. Sem capacidade de liderar, foi observado como um personagem interessante para formar dupla com Sérgio Moro. Sem profundidade e achando que sempre seria ouvido, foi falando e se enrolando com a corda que foi dada.
Fez o powerpoint sem noção, falou bobagens com a certeza dos meninos crescidos dessa geração e achou que se manteria na vida pública sem precisar de ninguém, só da certeza que a mamãe deu de que ele é o melhor do mundo em qualquer coisa que faça.
Então, a queda de Dalagnol nos mostra três coisas: primeiro, ele está perdido; segundo, o projeto que o tinha como personagem está em crise, mas não está acabado. E terceiro: vamos ter que pular essa geração e apostar nos que vêm a seguir, principalmente nas líderes mulheres que estão agora na casa dos trinta.
PS: Se você ficou chateado porque eu incluí o Boulos nessa história, não fique. E vamos ver se ele mostra alguma coisa para ser a exceção dessa geração. A meu ver, ainda não mostrou.
Leia também
Após deixar casa de Madonna, filho da artista sobrevive buscando restos de comida
Suposto vídeo de Mel Maia fazendo sexo com traficante cai na rede e atriz se manifesta
Marcelo Lima cresce e amplia vantagem em São Bernardo
ONLYFANS - 7 famosas que entraram na rede de conteúdo adulto para ganhar dinheiro!
Descriminalização da maconha no STF: relação milenar com a planta sofre preconceito e desinformação até no século XXI
Thiaguinho revela planos para o futuro e agradece apoio de Fernanda Souza
Maya Massafera abre o jogo sobre os 30 kg perdidos na transição: "Não tenho força nenhuma"
Filho de Nadja Haddad deixa a incubadora; confira
Entenda como o home office está transformando prédios comerciais em residências
Descriminalização da maconha no STF: relação milenar com a planta sofre preconceito e desinformação até no século XXI