Diário de São Paulo
Siga-nos
De Olho na Cidade, por Fábio Behrend

Tabata, Boulos e Nazaré Tedesco, as obras de emergência da prefeitura e a agonia dos aposentados

Tabata e Boulos. - Imagem: Divulgação / Will Shutter / Câmara dos Deputados / Vinicius Loures/Câmara dos Deputados.
Tabata e Boulos. - Imagem: Divulgação / Will Shutter / Câmara dos Deputados / Vinicius Loures/Câmara dos Deputados.
Fábio Behrend

por Fábio Behrend

Publicado em 08/03/2024, às 08h33


No ataque

Tabata Amaral começou a semana batendo forte em Guilherme Boulos, por causa da omissão do nome dela em post do adversário nas redes sociais sobre a última pesquisa de intenção de votos na capital. “O que é isso? É estatística criativa? É erro? Alguém não tinha noção do que estava fazendo? Ou é safadeza mesmo?”, reclamou a pré-candidata em vídeo nas redes sociais. Pouca gente reparou que o vídeo compara Boulos a um ditador e a uma vilã de telenovelas.

Ilustrando a safadeza

As duas últimas imagens de fundo utilizadas no vídeo, enquanto Tabata aumentava o tom para mostrar sua indignação, são pérolas da internet. A primeira é de um gráfico da eleição venezuelana de 2013, que mostra Nicolás Maduro com vantagem de menos de dois pontos percentuais sobre Henrique Capriles. A segunda imagem é um meme de uma das mais terríveis e divertidas vilãs das novelas brasileiras, Nazaré Tedesco, interpretada por Renata Sorrah na novela Senhora do Destino, de 2004. Quem não se lembra da escadaria da mansão, de onde ela empurrava seus desafetos? É por isso que eu pago a internet.

Impeachment

A denúncia de favorecimento de empreiteiras na contratação de mais de 4 bilhões de reais em obras de emergência motivou até pedido de impeachment do secretário Marcos Monteiro, protocolado pelo PSOL. Foi imediatamente descartado pelo presidente Milton Leite, que justificou. “Esta casa só analisa a cassação de quem foi eleito (prefeito, vice e vereadores), não de quem foi nomeado. O pedido não tem guarida na Lei Orgânica do Município”.

CPI

Com o impeachment do secretário fora de cogitação, a oposição tenta agora emplacar uma CPI para investigar as denúncias. Para protocolar o pedido são necessárias 19 assinaturas. Para instalar, 28 votos favoráveis em plenário. Até agora, apenas os 16 vereadores de oposição (6 do PSOL, 8 do PT e 2 do PSB) assinaram. Se já é muito difícil conseguir os 3 votos que faltam apenas para protocolar a CPI, imagine então instalar a comissão.

Histórico

Em defesa do governo, Milton Leite afirmou que as empresas apontadas como as maiores beneficiadas do suposto esquema são especializadas e trabalham para a prefeitura há pelo menos duas décadas, com contratos assinados nas gestões de Marta Suplicy, Gilberto Kassab, Fernando Haddad e João Dória. Todos com valores muito menores do que os atuais.

CPI das ONGs

A instalação de uma CPI para investigar a atuação das ONGs que atuam na Cracolândia será votada em plenário na semana que vem. A tendência é que os vereadores foquem a investigação em eventuais desvios de verbas públicas pelas instituições, diminuindo assim as discussões sobre o Padre Júlio Lancellotti. Para boa parte dos vereadores a questão do padre agora é com a Arquidiocese de São Paulo.

Bola dentro

Com simplicidade e assertividade o Tribunal de Contas de Rondônia conseguiu ajudar o governo a reduzir o déficit da previdência dos servidores aposentados em mais de 4 bilhões por ano, além de reduzir de 75 para 35 anos o prazo para equacionamento do déficit atuarial, que é de R$ 15 bi. Bom exemplo a ser seguido por outros tribunais de contas pelo Brasil.

Bola fora

Aposentados que aguardam o julgamento da revisão da vida toda no STF estão desanimados. Só este ano o presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso, adiou 4 vezes o julgamento dos embargos de declaração do INSS, que foi remarcado para o próximo dia 20, dando tempo para o governo articular novos movimentos que prejudicariam os aposentados.

Covardia

Luiz Antônio de Medeiros, presidente da ABRAPA - Associação Brasileira de Apoio aos Aposentados, promete nova manifestação em Brasília no dia do julgamento. “A revisão da vida toda é o mais importante processo relativo a pessoas vulneráveis que tramita na justiça brasileira. O que estão fazendo com os velhinhos é uma covardia”, afirmou.

Contato: [email protected]

Compartilhe  

últimas notícias