Diário de São Paulo
Siga-nos
De Olho na Cidade, por Fábio Behrend

A polêmica CPI das ONGs e o valioso apoio de Bolsonaro

Padre Júlio Lancellotti - Imagem: Reprodução | Agência Brasil
Padre Júlio Lancellotti - Imagem: Reprodução | Agência Brasil
Fábio Behrend

por Fábio Behrend

Publicado em 05/01/2024, às 07h17


CPI do Padre Júlio

A instalação da CPI das ONGs na Câmara Municipal foi o assunto da semana, gerou polêmica, protestos da oposição e já enfrenta resistências até de vereadores que apoiaram a iniciativa.Pelo menos 5 parlamentares já retiraram suas assinaturas. É que pegou mal a maneira como o vereador Rubinho Nunes, autor da proposta de CPI, conduziu o processo.

A máfia e a batina

À coluna o vereador Rubinho Nunes disse que o Padre Júlio Lancelotti faz uso político do trabalho assistencialista e coordena pessoalmente a atuação das ONGs, trabalho que, segundo ele, não dá resultados porque a Cracolândia dá lucro. “Está instalada a Máfia da Miséria. Se não houvesse nada errado, não haveria essa reação toda e o padre não precisaria se esconder atrás da diocese e da batina”.

ONGs ou Padre?

Segundo Sidney Cruz, o primeiro a retirar a assinatura, em nenhum momento Rubinho Nunes falou sobre o Padre Júlio Lancelotti quando apresentou o requerimento. “Tudo o que ele falou publicamente sobre a CPI foi basicamente sobre o Padre Júlio, cujo trabalho eu admiro, respeito, considero necessário e ninguém se dispõe a fazer. No requerimento que assinei não havia nenhuma menção ao padre”. Sandra Tadeu disse apoiar a investigação sobre as ONGs, “Mas se houver personificação em relação ao Padre Júlio, serei contra”.

Além disso...

... existe um acordo de revezamento entre oposição e situação na instalação de CPIs na Câmara Municipal. Segundo Milton Leite afirmou em novembro, no Colégio de Líderes, “a próxima CPI será da oposição”. Fábio Riva, líder do governo, lembra que além do acordo, existe uma fila. “São 44 pedidos de CPI anteriores à CPI do Rubinho. Vou brigar para que a fila seja respeitada. A minha CPI, das pirâmides financeiras, é a de número 41”.

O dono dos votos

O prefeito Ricardo Nunes anunciou ontem que o PL de Jair Bolsonaro “bateu martelo” e vai apoiar sua candidatura à reeleição. De maneira bem fácil de entender, o presidente do PL Valdemar Costa Neto me explicou como a decisão foi tomada. “No PL nós só batemos o martelo quando Bolsonaro autoriza, ele é o dono dos votos”.

E o vice?

Perguntei a Valdemar Costa Neto se o vice de Ricardo Nunes será indicado pelo PL. “Isso não foi falado com o prefeito, mas ele (Bolsonaro) pode ajudar muito. Afinal, elegeu o Tarcísio e o astronauta (Marcos Pontes, eleito senador) e deve estar procurando um bom nome”, afirmou o presidente do PL.

O peso de Jair

O prefeito Ricardo Nunes disse que ainda não conversou com Bolsonaro. “É claro que a opinião de Bolsonaro tem um peso diferente, mas é preciso conversar também com os outros partidos aliados, com muita calma”, afirmou Nunes. Segundo ele, as discussões sobre o vice devem começar em breve. “O ideal é que possamos sentar todos, Bolsonaro, eu, o governador Tarcísio, Valdemar e outras lideranças, mas as convenções são só em julho, ainda temos bastante tempo”, concluiu.

O preterido

O deputado Ricardo Salles, que apareceu colado no prefeito Ricardo Nunes nas últimas pesquisas, não terá vida fácil. Se deixar o PL para tentar concorrer à prefeitura por outra legenda, perde o mandato “Teríamos que explicar para todos os deputados federais e estaduais do PL o porquê da alforria”, afirmou Costa Neto. Se ficar no partido, não terá espaço na legenda por ser considerado “arrogante” por colegas de bancada. Salles não respondeu as mensagens, nem retornou as ligações da coluna.

Contato: [email protected]

Compartilhe  

últimas notícias