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Palmeirense cuidava de crianças autistas e com síndrome de Down para pagar plano sócio-torcedor

A jovem de 23 anos faleceu após uma confusão entre torcidas

Palmeirense cuidava de crianças autistas e com síndrome de Down para pagar plano sócio-torcedor - Imagem: reprodução
Palmeirense cuidava de crianças autistas e com síndrome de Down para pagar plano sócio-torcedor - Imagem: reprodução

Nathalia Jesus Publicado em 11/07/2023, às 09h13


A palmeirense Gabriela Anelli Marchiano, de 23 anos, morta após ser ferida no pescoço durante uma confusão entre torcedores nas proximidades do Allianz Parque no último sábado (08), cuidava de crianças para conseguir pagar um plano de sócio-torcedor e assistir os jogos do time do coração.

A informação foi passada pelo técnico em eletrônica Ettore Marchiano, de 49 anos, pai da vítima. Em conversa com a Folha de S. Paulo, ele afirmou que a filha trabalhava com crianças autistas e com síndrome de Down.

O técnico afirmou que, no sábado, deixou a jovem por volta das 18h na estação de metrô Campo Limpo. A parada fica no mesmo bairro em que a família reside, na zona sul de São Paulo.

Na estação, Gabriela encontrou alguns amigos e partiu para a Barra Funda, na zona oeste, para acompanhar a partida entre Palmeiras e Flamengo, válida pelo Campeonato Brasileiro.

Segundo o delegado Cesar Saad, da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), algumas imagens obtidas pela polícia mostram um início de confusão com a chegada de quatro vans com torcedores do Flamengo, por volta das 17h30. Pouco tempo depois, os torcedores começam a jogar as garrafas.

Saad disse que Gabriela era associada da Mancha Alviverde e namorava um integrante de outra torcida organizada do Palmeiras, a Porks.

A jovem foi atingida no pescoço por estilhaços de uma garrafa atirada do lado flamenguista na rua Padre Antônio Tomas. Uma equipe da Guarda Civil Metropolitana que auxiliava na fiscalização de ambulantes a levou até um posto médico no estádio.

Marchiano assistiu ao empate entre os dois times da arquibancada do Allianz. Àquela altura sua filha era atendida na Santa Casa, para onde havia sido transferida.

Ele disse que só soube o que acontecera com a filha ao deixar o campo, quando o sinal de celular voltou a funcionar normalmente.

Gabriela não resistiu ao ferimento e morreu na manhã desta segunda-feira (10).

O torcedor do Flamengo suspeito de arremessar a garrafa que atingiu fatalmente Gabriela não faz parte de torcida organizada e negou que tenha mirado na palmeirense ao jogar o objeto. Morador do Rio de Janeiro, ele teria chegado ao Allianz Parque sozinho.

A Justiça converteu a prisão dele em preventiva. O homem está detido no Centro de Detenção Provisória Pinheiros IV, na zona oeste.

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