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Rainha do Rock brasileiro, Rita Lee morre aos 75 anos em SP

A tragédia foi anunciada pela família da cantora nas redes sociais

Rita Lee foi uma das principais vozes e compositoras do rock brasileiro, influenciando diversos artistas - Imagem: reprodução/Twitter
Rita Lee foi uma das principais vozes e compositoras do rock brasileiro, influenciando diversos artistas - Imagem: reprodução/Twitter

Mateus Omena Publicado em 09/05/2023, às 11h04


Conhecida como a rainha do rock no Brasil, Rita Lee morreu na última segunda-feira (8), aos 75 anos. A artista foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e estava fazendo tratamentos contra a doença.

A tragédia foi divulgada pela família dela em um comunicado nas redes sociais da artista: "Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou".

O velório da cantora será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na próxima quarta-feira (10), das 10h às 17h.

Sofrimento

Em maio de 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer de pulmão. A partir disso, a cantora seguiu tratamentos de imunoterapia e radioterapia.

Depois de meses, ela lançou o último single da carreira, “Changes”, em parceria com o marido Roberto de Carvalho e o produtor Gui Boratto.

Por outro lado, em abril de 2022, seu filho Beto Lee anunciou aos fãs da artista que ela estava curada do câncer.

Nos últimos anos, Rita Lee viveu em um sítio no interior de São Paulo com a família. Ela deixa três filhos: Roberto, João e Antônio.

Trajetória na música

Rita Lee Jones nasceu na zona sul de São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mãe, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs. 

Por volta dos 16 anos, a jovem integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.

Em 1964, Rita se tornou integrante do grupo de rock Six Sided Rockers que, depois de algumas mudanças de formações e de nomes, deu origem aos Mutantes em 1966. A banda foi formada inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. 

Rita Lee fez parte do grupo de artistas que ajudou a revolucionar o rock no país com a criatividade e irreverência do tropicalismo, com o qual formou a banda brasileira de rock mais cultuada no mundo, os "Mutantes". Ela também desenvolveu canções na carreira solo com apelo popular sem perder a liberdade e a ousadia.

A partir dessa fase, ela se tornou uma das principais referências de criatividade e independência feminina durante os quase 60 anos de carreira. O título de “rainha do rock brasileiro” veio quase naturalmente, mas ela achava “cafona” - preferia “padroeira da liberdade”.Eles foram fundamentais no tropicalismo, ao unir a psicodelia aos ritmos locais, e se tornaram o grupo brasileiro com maior reconhecimento entre músicos de rock do mundo, idolatrados por Kurt Cobain, David Byrne, Jack White, Beck e outros.

Ela fez parte dos Mutantes no período mais relevante da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim Elétrico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz” (72).

No mesmo ano em que saiu da banda, ela também viveu o fim do relacionamento com Arnaldo Baptista. O primeiro álbum solo foi “Build up”, ainda antes de deixar a banda, em 1970. Ela também lançou “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, em 1972, ainda gravado com o grupo.

Em seguida, surgiu o grupo Tutti Frutti, no qual Rita gravou cinco álbuns, com destaque para “Fruto proibido”, de 1975, que tinha a música “Agora só falta você”.

Em 1979, a cantora começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho, e se firmou de vez na carreira solo. Ela escreveu e gravou canções de pop-rock com grande sucesso.

Entre os álbuns mais famosos da cantora, destaca-se “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de Você”, “Chega mais” e “Doce Vampiro”. No disco de mesmo título do ano seguinte, ela segue na direção mais pop e faz ainda mais sucesso com “Lança perfume” e “Baila comigo”. 

Mais tarde, outros albuns icônicos foram “Saúde” (1981) e “Rita e Roberto” (1985), com o qual os dois subiram ao palco do primeiro Rock in Rio. 

Em meados de 1991, Rita começou um período de quatro anos separada de Roberto de Carvalho. O retorno foi em 1995, na turnê do álbum “A marca da Zorra”, quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. No ano seguinte, eles se casaram no civil após 20 anos juntos. 

No início de 2001, Rita Lee conquistou o prêmio do Grammy Latino de "Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa" com "3001”. Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio, e receberia em 2022 o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra.

No entanto, em 2012, a cantora, já idosa, anunciou que deixaria de fazer shows por causa da fragilidade física. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, ela escreveu no Twitter. 

Em 28 de janeiro do mesmo ano, no Festival de Verão de Sergipe, Rita fez o show anunciado como último da carreira, quando ela discutiu com um policial. A cantora foi acusada de desacato à autoridade, levada à delegacia e liberada em seguida. 

Desde então, Rita Lee realmente nunca mais fez uma turnê. Mesmo assim, fez um show no Distrito Federal no fim de 2012, em que abaixou a calça para o público, e cantou no aniversário de São Paulo em 2013, ovacionada pelo público de sua cidade.

O último álbum de canções inéditas em estúdio ocorreu em abril de 2012. “Reza” era o primeiro trabalho de inéditas de Rita Lee em nove anos. A faixa-título foi a música de trabalho, definida por ela como “reza de proteção de invejas, raivas e pragas”.

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