Diário de São Paulo
Siga-nos
Chocante

Após estupros e canibalismo, passado sombrio da família de Armie Hammer é revelado

Casey Hammer explica os traumas da infância na série documental "House of Hammer"

Armie Hammer, conhecido por "Me Chame pelo seu Nome" e "A Rede Social" - Imagem: Reprodução/Twitter @MameMiddle
Armie Hammer, conhecido por "Me Chame pelo seu Nome" e "A Rede Social" - Imagem: Reprodução/Twitter @MameMiddle

Mateus Omena Publicado em 01/09/2022, às 10h55


A tia do ator Armie Hammer - acusado de estupro, abuso sexual e canibalismo por ex-namoradas - veio a público para revelar que o comportamento agressivo do sobrinho não é novidade para ela, pois as gerações de homens em sua família também se envolveram em episódios de violência.

Casey Hammer trabalha como consultora de produção da série documental “House of Hammer: Segredos de Família”, que conta como as agressões sexuais e abusos se tornaram uma herança entre os homens da família Hammer. No programa, Cassie relata os traumas sofridos em sua infância e como conseguiu superá-los. A série estreia em 2 de setembro no Discovery+.

Ela narra o momento em que encontrou fotos de atos sexuais do pai com outras mulheres quando era uma criança. Em entrevista ao Universa, Casey descreveu os abusos que sofreu naquele período, tanto que chegou a relatar as experiências em um livro.

“Falo isso no livro que escrevi, "Surviving My Birthright" ("Sobrevivendo a Minha família", em tradução livre, ). Ainda é muito difícil falar sobre isso e é algo que eu procuro ajuda para lidar … pessoas que passam por isso precisam de ajuda para superar”, declarou.

Casey também explicou que a popularidade do livro impulsionou não apenas a produção da série documental, como também deu a ela a coragem para expor o histórico de violências sexuais em sua família e as dores que carrega até hoje.

“Quando eu escrevi o livro, foi mais como um processo de cura para mim, para me dar o empoderamento que eu precisava, o controle sobre o que aconteceu. Quando as pessoas chegaram ao livro, eu não conseguia mais controlar nada”, disse. “Sete anos após sua publicação, eu estava vivendo minha vida calmamente quando um perfil do TikTok achou o livro. Em duas horas, minha vida toda mudou. Naquele momento, estava fora do controle. Foi assustador. Eu não sabia o que estava por vir”, completou.

Apesar da série ainda não estar disponível ao público, Casey o assistiu e afirmou que não consegue acreditar que ela tenha vivido aquela situação.

“É difícil ver o que é mostrado na série para qualquer pessoa. Eu assisti e, mesmo sabendo o que eu vivi na minha família, já adulta, revejo aquilo e sinto os gatilhos e os traumas. Não consigo acreditar que quando eu era criança deixava meu pai atirar em uma lista telefônica enquanto eu a segurava”, disse.

E acrescentou: “Quando crescemos, ficamos surpresos em como insistimos em um relacionamento tóxico porque estamos buscando o amor de alguém para validar nossa existência. É muito triste. Estou aqui para contar minha história e para que as vítimas não se sintam sozinhas”.

Em relação ao escândalo envolvendo o sobrinho Armie Hammer, no qual algumas ex-namoradas do ator denunciaram crimes de estupro e fetiches de canibalismo, a produtora afirmou que não ficou surpresa com os relatos das vítimas.

“Não fiquei chocada quando comecei a vê-lo na mídia por mau comportamento. Não me choco muito por causa das minhas experiências pessoas e a forma como cresci em minha família. Foram gerações de homens abusivos. Para mim, uma vez que se tornou público, tínhamos que responsabilizar os culpados e colocar um fim nisso. Chegamos ao limite. Estou dizendo isso há 61 anos, que vejo o comportamento em minha família. Chegou a hora de parar”.

Algumas mulheres que se relacionaram amorosamente com o ator também deram depoimentos na série. Para Casey, a importância de falar sobre o assunto consite em dar ênfase nas vítimas e nos impactos sofridos pela violência sexual.

“Mesmo quando as vítimas começaram a falar, a mídia e as manchetes estavam focadas na carreira de Armie, mas deveriam estar focadas nas vítimas. São elas que têm que viver com o que aconteceu, com as cicatrizes dos abusos sexuais, físicos, mentais e emocionais. Elas passaram por controle mental e manipulação. Eram mulheres fortes e poderosas que, falando sobre o que passaram na série, ajudam a mostrar para outras vítimas que elas não estão sozinhas”.

A produtora espera que “House of Hammer” contribua para conscientização da proteção individual e para desnaturalização do comportamento abusivo. Para que as pessoas parem de culpar as vítimas pela violência sofrida e condenem os verdadeiros criminosos.

“Abusadores tentam te isolar e manipular, para que você sinta que tudo é sua culpa, e que não tem nenhum poder. Está na hora de responsabilizar os homens ricos e poderosos por isso”, declarou. “Quando o movimento Me Too surgiu, ele estava focado no ambiente de trabalho, mas precisamos de um desse para os ambientes familiares. É necessário responsabilizar os abusadores. Seus pais dão a luz e dizem que te amam, mas não quer dizer que podem fazer o que quiserem com sua vida. Você tem o direito de escolha e de dizer não, de colocar um ponto final e pedir dignidade e respeito”.

Compartilhe  

últimas notícias