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USP cria cotas para professores negros para ter mais diversidade no corpo docente

A medida foi divulgada na segunda-feira (22) pela instituição de ensino

Cidade Universitária da USP (Universidade de São Paulo), no Butantã, zona oeste da capital paulista - Imagem: divulgação/USP
Cidade Universitária da USP (Universidade de São Paulo), no Butantã, zona oeste da capital paulista - Imagem: divulgação/USP

Mateus Omena Publicado em 23/05/2023, às 17h02


A Universidade de São Paulo (USP) anunciou na última segunda-feira (22) a criação de cotas para pretos, pardos e indígenas em seus concursos públicos para professores e servidores técnicos administrativos.

De acordo com a renomada instituição de ensino, as próximas seleções deverão separar 20% das vagas para esse público. No momento, a USP conta com 119 docentes pretos e pardos e um indígena em um total de 5 mil.

"Quando as pesquisas são feitas por um grupo muito homogênio de pessoas, ficam limitadas aos temas que importam a elas. Com diversidade maior, amplia seus horizontes, suas perguntas e fica mais próximo da sociedade" disse o reitor da USP, Gilberto Carlotti Junior, ao jornal Estadão.

De acordo com gestor da instituição, o propósito da iniciativa é ter "mais qualidade nas pesquisas".

A universidade também visa estimular mais reflexões a respeito da diversidade dos alunos entre professores e técnicos. cerca de 45% dos estudantes da USP são autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em razão de um programa de cotas.

"Não vamos conseguir faze isso do dia para noite, como conseguimos aumentar com os alunos, porque o professor fica 30, 40 anos na universidade, mas vai mudando a situação", reforçou Carlotti Junior.

O reitor explicou também que a USP vai abrir cerca 500 vagas até 2025 para professores. Por meio das cotas, o número de docentes pretos, pardos e indígenas deve dobrar, com mais cerca de 100 contratados. O índice de 20% será aplicado para concursos que tiverem mais de 3 vagas abertas. Se houver menos, o que é comum, a instituição vai usar a chamada pontuação diferenciada, que está estabelecida em decreto estadual. Ela considera a pontuação média dos candidatos em concorrência e a dos pretos, pardos e indígenas - depois dá uma bonificação para o segundo grupo.

A USP já havia sido questionada três vezes na Justiça, com concursos paralisados, por não estipular cotas para pretos, pardos e indígenas, já que uma lei estadual estabelecia a obrigatoriedade. A política afirmativa para selecionar professores, no entanto, já era um meta de Carlotti Junior desde que venceu as eleições, como adiantou ao Estadão em dezembro de 2021. "Se não fizermos de maneira induzida, vai demorar dezenas de anos para ter maior diversidade na universidade", afirmou.

Recentemente, a instituição lançou também uma bolsa de pós doutorado, de R$ 8 mil, para pesquisadores negros e criou uma lista de docentes pretos que poderão ser chamados para compor bancas de seleção de professores. Cerca de mil profissionais se candidataram para as 50 vagas para pós-doutor, segundo o reitor.

Em abril, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) anunciou aaprovação de uma meta de ter 37% de seus professores negros em seis anos. Atualmente esse índice é de 5,34%. Segundo a PUC, os próximos concursos, a partir do segundo semestre deste ano, vão apenas selecionar docentes pretos e pardos.

No mesmo ritmo, as universidades federais também devem seguir lei para concursos da União, que estabelece 20% das vagas para pretos, pardos e indígenas, mas há disputas na Justiça para que ela seja cumprida efetivamente. Nos últimos anos no País, e depois da lei da cotas aprovada em 2012, aumentou o número de instituições com políticas afirmativas no ingresso de alunos. No entanto, o mesmo processo não ocorreu entre funcionários e professores.

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