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Reservatórios encerram período de chuvas com o maior nível em 12 anos

Especialistas concordam que o cenário é positivo para os próximos meses

Reservatórios encerram período de chuvas com o maior nível em 12 anos - Imagem: divulgação / Sabesp
Reservatórios encerram período de chuvas com o maior nível em 12 anos - Imagem: divulgação / Sabesp

Nathalia Jesus Publicado em 03/04/2023, às 10h15


Reservatórios de usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, que compõe a grande caixa d’água do sistema interligado nacional, devem encerrar o período de chuvas com o maior nível de armazenamento em 12 anos.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios no subsistema Sudeste/Centro-Oeste vão atingir 85,7% de sua capacidade máxima no dia 30 de abril, período em que se encerra oficialmente o período úmido.

Em janeiro, pela primeira vez em mais de dez anos, a represa de Furnas, em Minas Gerais, abriu suas comportas para controlar o nível da água. O reservatório está praticamente cheio.

No Nordeste, a situação é igualmente animadora. A usina de Sobradinho (BA), no rio São Francisco, alcançou quase 95% do volume útil neste fim de semana — bem diferente do que se viu em um passado recente. Em 2015, com a escassez de chuvas, ela ficou perto de entrar no volume morto.

De acordo com especialistas, o atual panorama é bastante positivo para a operação do sistema e deixa a ONS em uma situação mais confortável para a chegada do período de estiagem, que incia em maio e vai até outubro na maior parte do país, segundo informações da CNN.

No entanto, um relatório do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), coordenado pelo economista Adriano Pires, mostra que a capacidade de armazenamento nas hidrelétricas para atender à demanda de energia no sistema interligado diminuiu pela metade desde o começo do século.

Os danos do CBIE indicam que em 2001, mesmo com todos os reservatórios cheios, as hidrelétricas conseguiram suprir o abastecimento de energia do Brasil por sete meses. Atualmente, com as represas cheias, o armazenamento é suficiente para gerar energia aos consumidores nacionais por apenas 3,6 meses.

Nas últimas duas décadas, as maiores hidrelétricas que saíram do papel foram construídas sem grandes reservatórios, por restrições ambientais. Elas são chamadas de usinas a fio d’água, por aproveitarem a alta vazão dos rios nos períodos de chuvas, mas sem a capacidade de armazenar volumes significativos durante a estiagem. É o caso dos projetos de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO), e de Belo Monte, no rio Xingu (PA).

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal de planejamento vinculada ao Ministério de Minas e Energia, 80 de cada 100 megawatts (MW) em nova capacidade de geração contratada nos próximos dez anos virão de fonte eólica ou solar.

Para o CBIE, tudo isso tem tornado o sistema elétrico brasileiro “altamente dependente de variáveis climáticas exógenas como hidrologia, velocidade dos ventos e níveis de irradiação solar”.

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