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Crise!

Americanas pedem recuperação judicial e expõem dívidas em torno de R$ 43 bi

O pedido foi apresentado à 4ª Vara de Direito Empresarial do Rio de Janeiro nesta quinta (19)

Loja das Americanas em shopping center de São Paulo - Imagem: reprodução/Facebook
Loja das Americanas em shopping center de São Paulo - Imagem: reprodução/Facebook

Mateus Omena Publicado em 19/01/2023, às 16h59


As Americanas entraram nesta quinta-feira (19) com pedido de recuperação judicial na 4ª Vara de Direito Empresarial do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada após a revelação de um rombo bilionário em seus balanços financeiros.

A companhia buscou ajuizamento da tutela cautelar de caráter antecedente, para fugir de danos irreversíveis ao seu caixa.

Em seu pedido, a empresa declarou dívidas de R$ 43 bilhões com um total de 16.300 credores. Anteriormente, a companhia tinha revelado estar com apenas R$ 800 milhões em caixa, dos quais "parcela significativa" estava "injustificadamente indisponível para movimentação".

Em nota, as Americanas informaram que seguirão "operando normalmente dentro das novas regras da recuperação judicial, cujo um dos objetivos principais é a própria manutenção de empregos, pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral".

Como a crise começou?

No início do mês, o ex-CEO da empresa Sérgio Rial revelou um rombo de R$ 20 bilhões na empresa. Em seguida, o executivo pediu demissão, após ficar apenas dez dias no cargo.

Na última sexta-feira (13), as Americanas conseguiram uma proteção liminar contra credores e a Justiça deu 30 dias para a companhia decidir se pedirá ou não recuperação judicial, citando uma dívida potencial de R$ 40 bilhões.

Por outro lado, os bancos conseguiram reverter a decisão liminar. Por causa da falta de avanço nas negociações com credores, as Americanas decidiram pelo pedido de recuperação judicial. Em razão da iniciativa, os bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander Brasil ficaram entre os mais expostos à dívida da varejista.

Diante da crise, a CVM iniciou investigações para apurar o escândalo contábil. Um grupo de acionistas minoritários também entrou na Justiça pedindo indenização e afirmou que a empresa "manipulou fatos e dados".

Em seu pedido de recuperação judicial, a companhia declarou que todo o seu caixa 'vem sendo dragado' pelos bancos e que sem a proteção contra credores há risco de 'absoluto aniquilamento do fluxo de caixa' do grupo, e isso impedirá o pagamento de fornecedores e funcionários.

As Americanas declararam que mantêm mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, e reunem 3.600 estabelecimentos no país.

O que pode acontecer?

Após o pedido, as Americanas agora aguardam o atendimento ou não do pedido de recuperação.

A empresa pediu prazo de 48 horas para apresentação da lista de credores completa. Se a solicitação for aprovada, ela tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação e demonstrar sua viabilidade financeira.

No entanto, se o pedido for negado, as Americanas podem ter sua falência decretada. Caso o pedido seja aceito, todas as cobranças feitas à companhia serão suspensas por 180 dias.

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