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Seca histórica

São Paulo tem mês de julho mais seco dos últimos 89 anos; Sabesp garante abastecimento

Desde que as medições de chuvas foram iniciadas em 1933, segundo especialista, nunca se registrou um mês de julho tão seco

Sabesp pede uso consciente da água, evitando agravar situação - Imagem: Freepik
Sabesp pede uso consciente da água, evitando agravar situação - Imagem: Freepik

Jair Viana Publicado em 28/07/2022, às 11h27


São Paulovive o pior mês de julho dos últimos 89 anos, período em foram iniciadas as medições. Com uma seca que passa dos 47 dias a cidade enfrenta uma série de problemas.

O tempo seco faz a qualidade do ar piorar, causando um incômodo de todas as formas. Faz 47 dias que não chove.

Este mês julho é o mais seco da história da cidade de São Paulo, de acordo com dados do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Desde que as medições começaram a ser feitas, em 1933, nunca havia tido um mês de julho tão seco como este que está terminando sem um dia de chuva.

Não houve chuva até a manhã desta quinta-feira (29), na capital paulista. A última vez que choveu na cidade foi no dia 10 de junho, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo. Entre os problemas que a seca causa estão a falta de água nas casas,  aumento dos níveis de  poluição do ar.

Segundo análise do professor titular Pedro Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP),até hoje, os piores meses de julho foram: 2006, 3 dias de chuva e um total acumulado de 0,4 mm. Em 1974 com 4 dias de chuva e um total acumulado de 0,5 mm; em 1933 com 13 dias de chuva e um total acumulado de 2 mm.

CANTAREIRA

No Sistema Cantareira, até quarta-feira (26), choveu 0,7mm no acumulado do mês, que só não foi mais seco que julho de 2008, quando choveu apenas 0,4mm. Os números levam em consideração dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) desde 2000.

O Sistema Cantareira é localizado nos municípios de Bragança Paulista, Piracaia, Vargem, Joanópolis, Nazaré Paulista, Franco da Rocha, Mairiporã, Caieiras e São Paulo. Considerado o maior reservatório de água da região metropolitana, o reservatório abastece cerca de 7,2 milhões de pessoas por dia.

Nesta quarta-feira (27), o Cantareira operava com 36,7% de sua capacidade, considerado estado de alerta.A falta de chuvas aumenta a preocupação do Professor Titular Pedro Côrtes, considerando que o período de seca deve seguir até outubro, segundo ele.

Moradores da região metropolitana de São Paulo já têm notado tempo mais longo sem água nas torneiras.

“É necessário que a Sabesp assuma uma posição proativa e indique quais são as suas previsões para os próximos meses. Estamos diante de uma redução significativa no volume de chuvas. É fundamental que Sabesp apresente os cenários e os números com os quais ela vem trabalhando. A crise climática está estabelecida”, explica especialista.

Em nota, a Sabesp garante que não há previsão de desabastecimento na região metropolitana de São Paulo.

“A Sabesp informa que não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana de São Paulo, mas orienta o uso consciente da água em qualquer época e em todos os municípios em que opera. Neste momento, o Sistema Integrado composto pelo Cantareira e por outros 6 mananciais (Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço) opera com 50,2% da capacidade, nível similar, por exemplo, aos 47,6% de 2021, quando não houve problemas no abastecimento da Região Metropolitana".

Desde a crise hídrica, os investimentos da Companhia tornaram o Sistema Integrado mais robusto e flexível, sendo possível abastecer áreas diferentes com mais de um sistema. Os investimentos são parte de “ conjunto de medidas adotado para a segurança hídrica, que inclui também a implantação do novo sistema São Lourenço e a interligação da bacia do Paraíba do Sul com o Cantareira, além da ampliação da infraestrutura e gestão da pressão noturna para redução de perdas na rede.

A Sabesp esclarece ainda que a Faixa 3 – "Alerta, iniciada agora em julho conforme as regras da outorga (Resolução Conjunta ANA/DAEE 925/2017), não causou alteração na operação do Sistema Cantareira. A Companhia está retirando atualmente 22 m³/s, inferior ao limite máximo de 27 m³/s autorizado, o que é possível graças à integração com os demais sistemas. A Sabesp também tem reforçado o pedido de uso consciente da água”.

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