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Eleições 2024: Partido Democrata vai bem. Trump vai melhor

Donald Trump. - Imagem: Divulgação / Casa Branca
Donald Trump. - Imagem: Divulgação / Casa Branca
Dennis Munhoz

por Dennis Munhoz

Publicado em 14/11/2023, às 05h17


Falta menos de um ano para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, parece muito tempo, mas aqui as disputas começam bem antes. O sistema eleitoral norte americano é bem complexo e nem sempre aquele candidato que obteve a maioria dos votos ganha a Presidência. Cada Estado tem certo número de delegados que recebem o poder para eleger o Presidente. Futuramente vamos tentar explicar com detalhes esse sistema eleitoral tão peculiar.

Apesar da inflação, o partido do Presidente Joe Biden consegue manter boa aceitação popular, ampliou a liderança no Senado e, perdeu o controle da Câmara dos Deputados por poucas cadeiras, menos que administrações anteriores. Praticamente é regra aqui nos Estados Unidos que nas eleições de meio de mandato, o partido do Presidente perca a maioria entre os deputados depois de dois anos da posse. A última derrota foi menor que as anteriores e menos que a esperada. Tivemos algumas eleições nos dois últimos meses e o Partido Democrata conseguiu eleger e aprovar pautas progressistas e liberais além do esperado. Tudo indica mar calmo e céu de brigadeiro para as eleições presidenciais? Não, muito pelo contrário.

Em recentes pesquisas divulgadas pela CNN e New York Times (órgãos declaradamente mais voltados à esquerda e fortes críticos da administração Trump), na intenção de voto, o ex-presidente Donald Trump está à frente de Joe Biden, inclusive em Estados de tendência democrata. O ex-presidente enfrenta vários processos, que vão de fraude fiscal até participação na invasão do Capitólio em 06 de janeiro de 2.021. Tudo isso parece não abalar o eleitorado fiel a ele, até aí tudo bem, mas como ele consegue atrair a maioria dos votos pelo País?

Até agora falamos da boa performance do Partido Democrata e não do atual Presidente Joe Biden.Nesta mesma pesquisa, boa parte dos entrevistados, que votaram em Joe Biden em 2.020, declararam que não votariam nele na próxima eleição, inclusive negros e hispanos, que deram ampla vantagem ao atual Presidente. O principal motivo alegado foi a avançada idade e algumas “gafes” cometidas por ele recentemente. A inflação elevada também colaborou, mas a saúde do atual Presidente e como seriaa capacidade administrativa dele em 3 ou 4 anos preocupa seu eleitorado. Biden está longe de ser unanimidade no Partido Democrata, mas será que ainda dá tempo de trabalhar outra candidatura? Seria fato inédito na política norte americana, Presidente em exercício não concorrer a reeleição. O receio dos democratas é entregar de bandeja a Donald Trump a próxima eleição. Cabe a seguinte indagação: Apostar forte em Biden ou promover mesmo que sem muito tempo a indicação de novo nome que consiga mobilizar o partido e a opinião pública. Estas últimas eleições e pesquisas provam a saúde do Partido Democrata e a fragilidade do atual Presidente, que também será bombardeado com eventual pedido de impeachment pelos supostos envolvimentos com os negócios excusos de seu filho Hunter Biden. Até agora o Partido Democrata não consegue tirar da cartola aquele nome que arrancaria suspiros dos eleitores e o tempo vai passando.

Do outro lado temos Donald Trump que parece inabalável com os processos judiciais, liderando com ampla vantagem as prévias do Partido Republicano e ignorando totalmente os debates internos de seu partido. Não compareceu a nenhum e declarou que não comparecerá. Seus adversários dentro do partido não conseguem decolar e alguns já abandonaram a corrida. Seu principal concorrente, e ex-aliado, o Governador da Flórida Ron DeSantis vai perdendo o fôlego e começa sentir as dificuldades em enfrentar adversário de peso.

Biden venceu a última eleição com pequena folga e, devido à fidelidade dos eleitores democratas que se mobilizaram para derrotar Donald Trump. O cenário atual é muito diferente e a fidelidade dos eleitores de Trump parece ser muito maior e a rejeição no Partido Republicano tem diminuído sensivelmente

Muita coisa ainda pode acontecer nestes 12 meses, inclusive o andamento do processo que pode condenar o ex-presidente pela participação ou omissão em eventos relativos à invasão do Capitólio em 2021. Este é o único processo que tira o sono de Trump. Pela Constituição e leis norte americanas, mesmo que ele seja condenado nos demais processos, não ficaria inelegível ou impedido de assumir, todavia o processo da invasão do Capitólio, caso ele seja condenado, pode ser em tese enquadrado como atentado ou insurgência contra o Estado, conforme alguns especialistas avaliam. Nesta hipótese, que parece muito remota, o ex-presidente não poderia concorrer ou assumir o cargo.

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