Por Marcus Vinícius de Freitas*
Redação Publicado em 09/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h32
Por Marcus Vinícius de Freitas*
Já há algum tempo que o mundo tem passado por uma inversão de valores. O que parecia mal no passado, hoje é completamente aceitável. E o que era aceito no passado é atualmente repreensível. O fato é que, em muita coisa, houve uma evolução positiva, particularmente na proteção às minorias e aos mais vulneráveis da sociedade. A discriminação, o preconceito e o desrespeito a determinados grupos e pessoas se tornaram anátemas na sociedade moderna. E isto é bom. Por outro lado, coisas que deveriam continuar repreensíveis em razão da gravidade de suas consequências parecem ter-se tornado aceitáveis à sociedade, que assiste passiva a determinadas situações, sem cobrar efetivamente mudança ou responsabilização. Assim é com a questão da corrupção, o abuso de autoridade e o desrespeito à liturgia da função pública.
A judicilialização da sociedade e o ativismo judicial também têm transformado o Brasil numa casa de tolerância, onde as regras que, muitas vezes, já não são claras propositalmente, simplesmente desaparecem porque dependem da interpretação individualista, baseada no nome e sobrenome a ser julgado. Os brasileiros jamais deveriam esquecer-se da fatídica geringonça jurídica criada no impeachment de Dilma Rousseff em que, contrariando a letra da lei, aplicou-se uma penalidade diminuída permitindo-lhe continuar a disputar eleitoralmente. Ou, ainda, o fato de num ano, um indivíduo ser considerado culpado e preso por corrupção e, dois anos depois, o julgamento ter sido substancialmente revertida sem qualquer alteração nas provas ou fatos existentes. Mudou a lei, os vários pedidos de habeas corpus ou os interesses eleitorais?
Uma sociedade com valores deturpados é um convite ao comportamento repreensível por parte daqueles que deveriam manter a liturgia do cargo e da função. Por se crerem melhor que os outros, indivíduos ocupando funções públicas podem crer-se detentores de direitos e privilégios exclusivos. O desrespeito ao cargo deve ser punido com o ostracismo social e o expurgo da função pública. Por meio do voto, o eleitor não pode premiar aqueles que abusaram deste sagrado instrumento de confiança. A lei da Ficha Limpa, que deveria ser celebrada como um dos marcos da legislação brasileira, corre o sério risco de, nas próximas eleições, ser escarnecida por algumas das candidaturas apresentadas por partidos políticos sem o mínimo compromisso com o futuro do País. O personalismo e o populismo são fatídicos para o Brasil.
É preciso, no entanto, um cuidado fundamental: consistência e coerência na pregação e ação. A única coisa que permite atirar-se a primeira pedra é a incoerência entre a fala e a ação. Corremos o risco de sermos culpados pelo pecado de dois pesos e duas medidas, se elegermos indivíduos irresponsáveis com a função pública que ocuparam porque consideramos seus pecados de menor importância. Esta inconsistência nos valores é ruim para a sociedade. O maior erro de um país é premiar positivamente quem não merece. Na hora do voto, o eleitor deve levar isto em consideração, pois a flexibilidade, à la carte, nos valores e na justiça é o maior de todos os males de uma sociedade. Um velho provérbio chines afirma: “Somente os tolos exigem perfeição, os sábios se contentam com a coerência”.
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