Por Fernanda Trigueiro*
Redação Publicado em 18/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h17
Por Fernanda Trigueiro*
Você costuma ficar em silêncio? Com a possibilidade de ficar quietas, muitas pessoas provocam barulho. Ligam a música ou a TV, falam com o cachorro ou até mesmo sozinhas. Por que será que o silêncio incomoda tanto? O que a ausência de sons causa dentro de nós?
No Oriente, o silêncio é sagrado. É o momento do significado. A hora de se interiorizar, pedir, agradecer e perceber o que realmente é importante na vida. Seja na meditação ou nas preces, o silêncio é aprendido, treinado e repassado de geração para geração. O hábito não tem nada a ver com a religião.
Já aqui no Ocidente, a história muda. É como se a ausência de som gerasse uma solidão. Como se a nossa própria companhia não bastasse ou incomodasse. No fundo, o silêncio nos força a estar em contato direto com nossos pensamentos, nossos medos e nossas verdades. Por muitas vezes, fugimos disso.
Aproveitamos os ruídos para distrair o cérebro, que não pode parar nunca. Vivemos na sociedade da produção. Nos sentimos pressionados a estar em movimento, pensando, criando e inventando. Quem para, fica para trás. Quem fica calado, não é notado e assim nos embebedamos do barulho. Do som ligado às conversas inúteis.
Pra mim, o maior grau de intimidade entre pessoas é o silêncio. Aquele silêncio que não incomoda. É natural, não traz a obrigação de nada. Não é necessário puxar assunto, por exemplo. Quantas vezes você viveu isso? Ficou caçando papo naquele primeiro encontro, falando sem parar durante a corrida no carro de aplicativo ou jogando conversa fora naquele almoço com um colega de trabalho? É tão desagradável. Gostoso mesmo é poder estar ao lado de alguém apenas por querer estar perto. Ouvindo o silêncio do outro e desfrutando do seu momento.
Nunca é tarde, podemos ainda dar esta chance a nós mesmo. Você não precisa ser um monge e ficar horas no “mudo”. O importante é começar aos poucos. Desligar o rádio do carro no caminho pra casa e se ouvir, aproveitar a faxina para limpar a casa e fazer uma higiene mental, cozinhar e aproveitar para refletir ou quem sabe dar uma caminhada ao ar livre cuidando da saúde e da paz interior.
O silêncio concentra. O barulho dispersa. O silêncio deixa o ser humano mais forte. O barulho, enfraquece. Num mundo ansioso como o nosso, ter um momento de quietude é um presente. Se proponha a isso. Contemple o mundo aí de dentro. Fique “on” em você e “off” para o resto. Tente! Pode ser estranho e chato no começo, mas tudo é uma questão de treino. Dê esta chance a você. O silêncio não é ausência de voz, é a oportunidade de ouvir a nossa própria voz.
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*Fernanda Trigueiro é uma jornalista apaixonada por pessoas e suas histórias.
Repórter de TV por opção, mas uma escritora por vocação. Vê a notícia além da manchete e dos números.
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