por Bruno Bernardes
Publicado em 06/04/2024, às 05h02
A democracia no Brasil já enfrentou inúmeras batalhas. A "frente ampla" de 1986 em reação à ditadura. As "diretas já" em 1983 e sua luta pelo voto direto. A batalha pela constituição e pela redemocratização entre 1988 e 1989. Todas elas exitosas, à sua maneira, em defender os pilares da nossa democracia. Mas o inimigo agora é outro, e talvez, o mais difícil já encarado pela nossa nação.
Dados da Anatel para o mês de fevereiro de 2024 indicam que o Brasil encerrou o mês com 256,4 milhões de celulares. Já somos uma nação integralmente conectada, e com isso, as redes sociais passaram a ter mais espaço que os meios de comunicação tradicionais. Elas mudaram o jeito como as pessoas interagem umas com as outras, e consequentemente, a lógica de como a sociedade se organiza. A tecnologia democratizou a possibilidade das pessoas se posicionarem em relação a todos os temas possíveis, mesmo que na maioria das vezes sem o conhecimento ou informações necessários para isso. Pergunto, então: esse processo é saudável, ou a democratização das opiniões, alicerçada por um país notoriamente conhecido por frequentar os últimas posições nos indicadores de educação mundiais, deixou a nossa democracia doente?
Na onda dessa epidemia difícil de se identificar e tratar, o jeito de fazer política mudou. Os próprios políticos entenderam como as redes sociais se tornaram um veículo potente de autopromoção para além do período eleitoral. Salvo poucas exceções, hoje nossos "representantes" não se preocupam em compartilhar informações para o bem comum, em utilizar o potente canal de comunicação das redes para informar, educar e ouvir. Estão todos contaminados pelo vírus 2V: O desejo do viral e do voto a qualquer custo.
Seja platinando o cabelo ou alimentando a agressividade, o que gera “likes” são informações superficiais ou inflamadas, capazes de atingir em cheio suas “bolhas” ou explodirem em alcance com mensagens que são um prato cheio para uma população inerte e despreparada. Nesse vale tudo, quem perde evidentemente é a democracia.
Não satisfeitos, acabam por alimentar ainda um obscuro mundo, o das fake news. Como não há “checks and balances” no meio digital, e nem há governança, a postura de muitos de nossos representantes e seus “influenciadores políticos" transformaram o ambiente digital em um verdadeiro velho oeste, gerando desinformação, confundindo a realidade propositalmente para estimular ainda mais suas "verdades" e, por fim, suas imagens.
A consequência esta aí. Um país polarizado. Raivoso. Dividido. O Brasileiro não quer mais saber de quem pensa diferente, ele quer se retroalimentar do conteúdo que exalta suas crenças, gerando forte intolerância com quem pensa diferente e reduzindo o espaço democrático para debates. Tudo isso estimulado e alimentado por quem deveria nos representar. A sociedade como um todo e principalmente nossos políticos devem compreender que a era da redes e da desinformação representa um desafio à democracia, e que a solução para isso passa pelo compromisso com a verdade, com a educação e com o diálogo, para sermos novamente uma nação, mesmo nas diferenças.
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