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Boa Saúde Favorece o Crescimento Econômico. Não o Contrário

Boa Saúde Favorece o Crescimento Econômico. Não o Contrário - Imagem: Reprodução | Freepik
Boa Saúde Favorece o Crescimento Econômico. Não o Contrário - Imagem: Reprodução | Freepik
Mara Machado

por Mara Machado

Publicado em 10/07/2024, às 06h00


Uma boa saúde da população é essencial para o crescimento econômico sustentável e, por isso, deve ser foco central das políticas de governo. Contudo, existe uma perspectiva equivocada de que crescimento econômico impulsiona a saúde. Baseados nesse preceito, as lideranças políticas estão negligenciando as prioridades do setor e criando verdadeiras “bombas-relógios” para a gestão pública do Brasil.

A saúde comprometida não prejudica apenas o indivíduo acometido. Ela tem impacto negativo na produtividade e na prosperidade nacional, pois aumenta as pressões sobre os serviços de saúde. Estes, já lutam para fazer face às crescentes exigências de uma população cada vez mais doente e ao desafio de recuperar atrasos nos cuidados de saúde, exacerbados pela pandemia de Covid-19.

Os governos precisam reconhecer urgentemente o papel da saúde da população na promoção da prosperidade econômica. Esse é o primeiro passo para abordar os determinantes mais amplos da saúde através da colaboração intersetorial a longo prazo.

Propomos ações em três áreas principais:

  1. Medidas de sucesso. Melhorar a forma como os governos medem o sucesso, afastando-se do estreito índice econômico do PIB e garantindo que indicadores de saúde sejam fundamentais para a forma como a prosperidade é avaliada.
  2. Responsabilidade intergovernamental. Garantir a responsabilização intergovernamental pela saúde da população, que transcende as fronteiras dos partidos políticos.
  3. Saúde sempre em vista. Melhorar as orientações e mecanismos de avaliação para garantir que decisores políticos considerem sempre os impactos na saúde de quaisquer novas decisões.

Uma população saudável é essencial para uma economia próspera. Contudo, a política atual está centrada no crescimento econômico e a busca por sucesso desta forma restrita está prejudicando a saúde da população. Embora o crescimento econômico possa estar associado à melhoria da saúde, isso não acontece automaticamente caso os governos não distribuam os benefícios do crescimento econômico para melhorar a saúde e reduzir as desigualdades. 

A saúde precária é prejudicial para a economia devido às faltas por doença. Pessoas impedidas de trabalhar geram custos diretos ao governo, tanto pela perda de receitas fiscais, quanto pelos pagamentos de benefícios e custos do sistema de saúde.

Uma boa saúde, por outro lado, pode impulsionar o sucesso econômico através do aumento da oferta de trabalho, da melhoria da produtividade e da arrecadação fiscal, da redução das despesas com cuidados de saúde e de uma maior inovação.

É vital que os governos reconheçam a falácia de concentrar esforços no crescimento econômico como forma de melhorar a saúde e, em vez disso, valorizem o papel da saúde da população na condução do sucesso econômico e da saúde sustentável.

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