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60 Anos Depois do "I Have a Dream": O que realmente mudou desde 1963? Qual é a nossa responsabilidade?

Martin Luther King - Imagem: Reprodução | YouTube
Martin Luther King - Imagem: Reprodução | YouTube
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 01/09/2023, às 06h44


Frente ao majestoso Memorial Lincoln de Washington, em 28 de agosto de 1963, Martin Luther King, um fervoroso defensor da igualdade racial e um eloquente pastor, proferiu inspiradoras e corajosas palavras que ressoaram profundamente na sociedade e no cenário político. Em seu discurso histórico, King apresentou seu sonho de liberdade, igualdade, convivência e esperança, um sonho que contrastava com uma realidade implacavelmente hostil e violenta.

Naquela época, os Estados Unidos enfrentavam uma segregação racial severa e os afro-americanos sofriam diariamente com dificuldades e humilhações, da impossibilidade de votar em muitos estados do Sul à discriminação em ambientes de trabalho e locais públicos. A segregação escancarada nos ônibus, nas escolas e outros espaços públicos era uma triste realidade, e a resistência civil exercida pelos negros enfrentava repressões violentas por parte da polícia americana. Porém, Luther King, em seu audacioso e bem elaborado discurso, delineou uma visão de liberdade e justiça que ecoava os princípios de igualdade proferidos na Declaração de Emancipação, que justo em 1963, completava 100 anos de proclamação.

Seu poderoso discurso não apenas comoveu as mais de 200 mil pessoas presentes, mas também inspirou uma mudança tangível. A influência de King e sua luta culminaram na aprovação da Lei dos Direitos Civis, que proibia a discriminação racial no emprego e na educação, também na Lei dos Direitos Eleitorais, que garantiu o direito de voto para todos, independentemente de raça, de nível social ou acadêmico.

No entanto, a luta de King por liberdade e igualdade teve um fim trágico com seu assassinado em 1968, aos 39 anos de idade, e 5 anos após seu discurso. Embora seu legado perdure e sua influência seja inegável, o caminho em direção à igualdade e à eliminação do racismo está longe de estar completo.

Mesmo depois de tanto tempo e tantas mudanças na sociedade, os afrodescendentes ainda enfrentam desafios e desigualdades e, apesar dos progressos, pois os negros finalmente puderam votar, trabalhar e estudar, ainda há um racismo velado e sistêmico persistente na sociedade, tanto nos Estados Unidos quanto em muitos outros países, que afeta a educação, o emprego, a justiça e a vida cotidiana. Para um negro na sociedade atual, as dificuldades não desapareceram completamente, pois ele ainda é visto e tratado com diferença e menosprezo em muitos lugares e em diferentes situações. No entanto, devemos fazer nossa parte para conquistar uma realidade onde a igualdade e a justiça prevaleçam, onde as oportunidades sejam equitativas e onde a cor da pele não defina o destino de uma pessoa, e para isso devemos nos inspirar no próprio Jesus, o Filho de Deus, que não faz acepção de pessoas.

Recordar das históricas e inspiradoras palavras do pastor Martin Luther King é extremamente importante, não apenas para honrar seu legado, mas também para nos lembrar e nos alertar de que ainda há muito trabalho a ser feito. Enquanto refletimos sobre esses 60 anos desde aquele discurso memorável, devemos também olhar para a frente com a determinação e o dever de ajudar a construir um mundo onde todos os seres humanos sejam tratados com dignidade e respeito, independentemente de sua origem étnica. Somente então poderemos realizar o verdadeiro sonho de igualdade e liberdade proclamado por Martin Luther King e tão desejado pelos nossos antepassados.

“Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28)

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