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Fernando Holiday: O Imperador Bolsonero e as chamas da pandemia

O Imperador Bolsonero e as chamas da pandemia
Bolsonero não é um erro de digitação, caro leitor. Esse foi o nome pelo qual o presidente do Brasil foi batizado na revista “The Economist” essa semana. A referência é antiga, vem do ano 64 d.C, quando Roma ardia no fogo enquanto – segundo a tradição – seu imperador, Nero, tocava lira em seu palácio.
Nero chegou despreparado ao poder – tinha apenas 16 anos de idade – quando assumiu o Império de Roma. Como resultado, teve que governar com base em conselhos, principalmente de familiares e assessores próximos. A história se desenrola em divisões entre os conselheiros e lutas, assistidas por um imperador egocêntrico. Ele se considerava popular e – ao menos no Oriente – poderia até ser, mas ignorou quando as instituições começaram a alertá-lo sobre o risco de decisões irresponsáveis.
Nero não ouviu e preferiu encontrar culpados. Oimperador apontou seu dedo para os cristãos e tentou destruí-los em praça pública, principalmente após o incêndio de Roma.
Bolsonero também é aconselhado por familiares e assessores que se destroçam entre si. De dentro do Planalto, o clima é de um império, onde as instituições são desprezadas e os conselhos moderados são vistos como covardes. O ego de Bolsonero se manifesta quando sua justificativa para um “isolamento vertical” não encontra nenhumabase científica. Ou ainda, quando o presidente equipara com tranquilidade os números da economia com os números de mortos pela pandemia.
A megalomania está aí: o país arde nas chamas do vírus, enquanto o ele faz piada e aponta o dedo para culpar a imprensa, tentando destruir jornalistas em praça pública.
Bolsonero ignora os exemplos de líderes mundiais,que tinham posições como as dele e foram obrigados a mudar. Mesmo diante dos fatos ele não se rende, insiste em teses conspiracionistas de Olavo de Carvalho, tão digno de confiança quanto Popeia Sabina, a amante de Nero que o fez assassinar a própria mãe.
Infelizmente, terei que suspender a coluna por força da legislação eleitoral. De qualquer forma, se o calendário se mantiver, voltarei em outubro esperando que Bolsonaro, até lá, tenha deixado para trás os caminhos de Nero.
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