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Estados Unidos negam visto para chanceler do Irã participar de reunião da ONU

Os Estados Unidos negaram um visto que permitiria ao ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, entrar no país para participar de uma

Estados Unidos negam visto para chanceler do Irã participar de reunião da ONU
Estados Unidos negam visto para chanceler do Irã participar de reunião da ONU

Redação Publicado em 07/01/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h31


Acordo de 1947 garante livre-trânsito para quem for à ONU independente de razões políticas e das relações existentes entre os governos envolvidos

Os Estados Unidos negaram um visto que permitiria ao ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, entrar no país para participar de uma reunião no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Nova York, nesta quinta-feira, informou a Reuters.

Um acordo de 1947 que exige que os Estados Unidos permitam a entrada de funcionários estrangeiros que têm compromissos nas Nações Unidas. De acordo com a seção 11 do acordo, “as autoridades federais, estaduais ou locais dos Estados Unidos não imporão impedimentos ao trânsito de ou para o distrito-sede” de “ pessoas convidadas para a sede  das Nações Unidas ou por uma agência especializada em negócios oficiais”.

O acordo diz ainda que a autorização deve acontecer “independentemente das relações existentes entre os governos das pessoas mencionadas nessa seção e o governo dos Estados Unidos”. Apesar disso, Washington alega que pode negar vistos por razões de “segurança, terrorismo e política externa”.

Segundo a revista Foreign Policy, que adiantou a informação posteriormente confirmada pela Reuters, Zarif aguardava um visto que pediu há semanas, mas um funcionário do governo de Donald Trump telefonou para o secretário-geral da ONU , António Guterres, nesta segunda-feira para informá-lo de que os Estados Unidos não permitiriam a entrada de Zarif  no país.

A medida segue a tensão crescente entre os dois países depois que os Estados Unidos mataram o comandante militar mais proeminente do Irã , Qassem Soleimani , em Bagdá na sexta-feira.

Zarif queria participar de uma reunião do Conselho de Segurança sobre o tema da manutenção da Carta da ONU. A reunião e as viagens de Zarif haviam sido planejadas antes do último surto de tensão entre Washington e Teerã. A reunião do Conselho de Segurança daria a ele um palco global para criticar publicamente os Estados Unidos por matar Soleimani.

autorização de ingresso para autoridades estrangeiras é uma das condições para que a sede da ONU fique em Nova York. O acordo determina ainda que as autoridades americanas devem “fornecer a proteção necessária a essas pessoas enquanto estiverem em trânsito para ou a partir do distrito da sede”.

Exceto se previamente autorizados, os diplomatas em viagem ficam restritos a um rígido perímetro em Manhattan, em uma parte do Queens e ao caminho para o aeroporto.

Em julho de de 2019, os Estados Unidos já tinham imposto rígidas restrições de viagem a Zarif antes de uma visita às Nações Unidas, bem como a diplomatas iranianos e suas famílias que moravam em Nova York, que Zarif descreveu como “basicamente desumanas”.

Em setembro, os Estados Unidos também rejeitaram um pedido de Zarif para visitar o embaixador iraniano das Nações Unidas no hospital de Nova York, onde ele estava sendo tratado de câncer. Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse na ocasião que o pedido de Zarif seria atendido se o Irã libertasse um dos vários cidadãos americanos que havia detido.

O Departamento de Estado dos EUA recusou responder pedidos de comentários imediatos da Reuters. A missão do Irã nas Nações Unidas disse: “Vimos as reportagens da mídia, mas não recebemos nenhuma comunicação oficial dos EUA ou da ONU sobre o visto do ministro das Relações Exteriores Zarif”.

O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, se recusou a comentar sobre a negação dos EUA de um visto para Zarif.

Uma  enorme multidão se reuniu nesta segunda-feira (6) para a cerimônia fúnebre de Soleimani em Teerã. Pedidos de uma vingança dura contra os autores do seu assassinato, vindos da filha do militar, de altas autoridades e também de manifestações espontâneas da população iraniana, foram a tônica da despedida da capital ao general.

iG

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