Coluna

Até quando a crise climática será uma pauta secundária?

As queimadas que aconteceram no Brasil nos últimos dias são um reflexo de uma realidade inescapável: elas não escolhem governos

Até quando a crise climática será uma pauta secundária? - Imagem: Reprodução/Fotos Públicas

Kleber Carrilho Publicado em 21/09/2024, às 09h33

As queimadas que aconteceram no Brasil nos últimos dias são um reflexo de uma realidade inescapável: elas não escolhem governos. Seja de forma planejada por aqueles que visam benefícios financeiros ou como consequência direta das mudanças climáticas, o fato é que elas se tornaram uma ameaça constante. E, ao contrário do que muitos poderiam pensar antes, agora essa não é uma questão restrita às áreas rurais ou à população que vive perto das florestas. Os efeitos das queimadas chegaram com força às grandes cidades, impactando diretamente a vida de milhões de pessoas.

A fumaça densa nas capitais, os níveis alarmantes de poluição do ar e os casos de doenças respiratórias são apenas alguns dos sinais mais visíveis de que o problema está cada vez mais próximo. Se olharmos de forma racional, essa deveria ser uma das maiores preocupações da sociedade. Estamos diante de uma crise que já afeta a saúde pública, a economia e a qualidade de vida. No entanto, o tema continua relegado a um papel secundário.

Ao observar as redes sociais e os veículos de comunicação, percebemos que esse tema ainda não recebe a devida atenção. As coberturas costumam focar em tragédias imediatas, mas raramente se aprofundam nas causas e soluções de longo prazo. Ao mesmo tempo, a política parece mais interessada em disputas de poder, cadeiradas e agendas econômicas de curto prazo do que em tratar o colapso ambiental que se aproxima.

É como se todos estivéssemos presos em um ciclo de negação, onde as consequências são visíveis, mas a ação permanece distante. As campanhas políticas eleitorais pouco falam disso, o que mostra que a ausência de políticas públicas claras voltadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas deve permanecer.

Quando São Paulo é considerada por dias seguidos a cidade mais poluída do mundo, este é um aviso de que não se trata mais de uma ameaça futura. Secas extremas, enchentes cada vez mais frequentes, temperaturas recordes e o aumento dos desastres naturais são sinais claros de que não há mais tempo a perder.

Mas a discussão é sobre PIB, taxa de juros, novo presidente do Banco Central, proibição do X, o novo jogador do Corinthians, o novo posicionamento político da Jojô Toddynho. De vez em quando, lá no canto das notícias, aparece uma fala da ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que parece não estar sendo ouvida nem pelo governo do qual faz parte.

Todo o mundo já sabe que o futuro depende das ações que tomamos agora. Ignorar a crise climática ou tratá-la como uma pauta secundária já pode ter nos trazido a um ponto de não retorno, onde as consequências serão irreversíveis, mas ainda podem ser amenizadas. Não podemos mais esperar por um momento "ideal" para agir. A hora de colocar o clima no centro das discussões e das decisões é agora, antes que seja tarde demais.

Mas quem é que está preocupado?

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