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A Guarda e Defesa de Nossas Crianças

O lamentável massacre de dezenove crianças, mortas entre os seus 7 a 10 anos de idade, ocorrido nos Estados Unidos, me abateu fortemente, em especial ao me

CRIANÇAS
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Redação Publicado em 31/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h30


O mal é covarde, indigno e repugnante.

O lamentável massacre de dezenove crianças, mortas entre os seus 7 a 10 anos de idade, ocorrido nos Estados Unidos, me abateu fortemente, em especial ao me colocar na condição de pai.

Imediatamente pensei nos meus 4 filhos e nos meus netos que estão por vir. Ao mesmo tempo, veio à minha mente as centenas de milhões de crianças desprotegidas que existem no planeta, vítimas de violência, dor, fome, doença, desespero e medo.

Lembrei das dezenas de milhares de crianças em situação de rua << pobreza extrema >> no Brasil; assim como, das milhões abaixo da linha de miséria, considerando que em nosso país há em torno de 60 milhões de pessoas pobres; e, assim, pude enxergar a terrível tormenta que vivem.

Conectei-me espiritualmente ao intenso sentimento de pesar do Yad Layeled << Memorial das Crianças >>, em Israel, no qual estive presencialmente e vi o registro de que, mais de 1,5 milhão de crianças judias foram assassinadas nos guetos e nos campos de extermínio nazistas. Neste impactante memorial há uma gruta subterrânea com pequenas luzes infinitas que piscam no escuro enquanto os visitantes ouvem os nomes das crianças.

Passei a sentir o sofrimento, as dores e o medo, de todas as crianças do planeta submetidas ao mal.

O mal contra as crianças é inaceitável.

Com os olhos marejados, pensando nos nossos pequenos anjos que são recorrentemente vítimas do mal, veio uma profunda angústia em razão da fragilidade e vulnerabilidade das crianças.

De minha parte, a resolução está tomada. Que esta angústia que nos tira a paz interior, nos alimente com a força necessária para tomar e sempre manter atitude positiva e concreta em prol das crianças do mundo.

Ainda que discreta, que Deus nos conduza a fazer a nossa parte e dar a nossa contribuição.

Que nos ilumine nos caminhos de Jesus Cristo que disse que não veio trazer a paz, mas sim a espada. Que sejamos, então, as espadas espalhadas pelo mundo, que protege o oprimido, com missão de guardar e legitimamente defender nossas crianças.

Vamos à luta contra o mal que as vitimiza. Como disse o Papa, na encíclica Fratelli Tutti, existe a luta legítima. Para Francisco, somos chamados a amar a todos, sem exceção, mas amar um opressor não significa consentir que continue a ser tal; nem o levar a pensar que é aceitável o que faz. Pelo contrário, amá-lo corretamente é procurar, de várias maneiras, que deixe de oprimir, tirar-lhe o poder que não sabe usar e que o desfigura como ser humano. Perdoar não significa permitir que continuem a espezinhar a própria dignidade e a do outro, ou deixar que um criminoso continue a fazer mal. Quem sofre injustiça tem de defender vigorosamente os seus direitos e os da sua família, precisamente porque deve guardar a dignidade que lhes foi dada, uma dignidade que Deus ama. Se um delinquente cometeu um delito contra mim ou contra um ente querido, ninguém me proíbe de exigir justiça e me acautelar para que essa pessoa – ou qualquer outra – não volte a lesar-me nem cause a outros o mesmo dano. Compete-me fazê-lo, e o perdão não só não anula esta necessidade, mas reclama-a.

Enfim, nossas crianças precisam decisivamente de nossa proteção e defesa. São o nosso bem mais precioso. Significam a continuidade da vida e a esperança. O maior privilégio dos pais é a graça divina de permanecer a viver pelos olhos de seus filhos. Nossos filhos nos eternizam. E, de certa maneira, todos nós somos os pais de todas as crianças do planeta.

Que Deus nos permita, unidos a um mar de outros e outras, com esta bandeira hasteada, estar na frente de batalha!

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