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Xi Jinping, o dirigente chinês mais poderoso em 25 anos

Xi Jinping é considerado o dirigente mais poderoso da China dos últimos 25 anos, como o foram Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping. Onipresente na mídia local, ao

Xi Jinping, o dirigente chinês mais poderoso em 25 anos
Xi Jinping, o dirigente chinês mais poderoso em 25 anos

Redação Publicado em 19/10/2017, às 00h00 - Atualizado às 12h27


Xi Jinping é considerado o dirigente mais poderoso da China dos últimos 25 anos, como o foram Mao Tsé-Tung e Deng Xiaoping. Onipresente na mídia local, ao ponto de ser comparado a Mao –fundador do regime–, Xi, de 64 anos, o atual presidente deve obter um novo mandato de cinco anos no Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) que começou na quarta-feira (18) em Pequim.

Na abertura do congresso, Xi proclamou repetidamente “uma nova era” para a economia do país, mas deixou claro que não há planos de reforma política.

Para inaugurar esse “novo capítulo” do socialismo à chinesa, Xi exortou os cerca de 2.300 membros reunidos para o 19º congresso do PCC a combater toda ameaça à autoridade do partido. O presidente não deu sinal de liberalização.

“Cada um de nós precisa fazer o possível para defender a autoridade do partido e o sistema socialista chinês, e se opor de forma resoluta a toda palavra ou ação que vise a solapá-lo”, disse Xi.

Seu discurso teve mais de três horas, durante as quais usou o termo “nova era” 36 vezes. Ele definiu o sistema de governo chinês como a forma mais ampla, genuína e eficaz de garantir os interesses do povo.

Ele também prometeu abrir a economia e respeitar os interesses das empresas estrangeiras no país. “A abertura traz progresso para nós, enquanto o isolamento nos deixa atrasados. A China não fechará suas portas para o mundo, estaremos cada vez mais abertos”, disse.

Xi Jinping se curva à plateia durante o congresso do PC chinês (Foto: Jason Lee/Reuters)

Xi Jinping se curva à plateia durante o congresso do PC chinês (Foto: Jason Lee/Reuters)

 (Foto: Editoria de Arte/G1)

(Foto: Editoria de Arte/G1)

Xi já acumula as principais funções à frente da segunda potência econômica mundial: secretário-geral do PCC, presidente da República Popular e da comissão militar central.

“Representa o que os chineses querem em termos de governo: um país bem gerido, uma China forte e respeitada”, observa Jean-Pierre Cabestan, da Universidade Batista de Hong Kong.

O “sonho chinês de um grande renascimento” do país mais populoso do mundo –1,38 bilhão de pessoas– após um século de humilhação infligida pelos ocidentais, está no cerne do programa do presidente Xi.

Sua onipresença midiática lembra o estilo soviético mais puro, acompanhado de um retorno da ideologia, da propaganda e repressão contra aqueles que ameaçam a estabilidade, começando com as redes sociais, monitoradas de perto.

No exterior, Xi age com desenvoltura para reforçar o status de potência global. Neste ano, lançou o projeto “One Belt, One Road” (um cinturão, uma rota), conhecida como a nova Rota da Seda, que prevê investimentos bilionários em 68 países em energia e na construção de pontes, ferrovias e portos, entre outras áreas.

Anti-Gorbachev

“Xi Jinping se apresenta como o anti-Gorbachev. É alguém que foi traumatizado pela queda da URSS, o que explica a repressão da sociedade civil e o retorno da ideologia após sua chegada ao poder”, analisa o jornalista François Bougon, autor de um recente livro sobre o líder chinês, em entrevista à AFP.

“Se nos desviamos do marxismo, ou o abandonamos, nosso partido perderá sua alma e seu curso”, advertiu Xi no mês passado, como se seu partido não tivesse feito grandes avanços na economia de mercado desde o final da década de 1970.

Morou em caverna

Xi Jinping nasceu em um ambiente confortável. Ele é filho de Xi Zhongxun, um dos fundadores da guerrilha comunista e pertencente à casta dos “Príncipes Vermelhos”, descendentes dos revolucionários que chegaram ao poder em 1949, antes de serem purgados por Mao.

Xi tenta apagar essas origens e cultiva uma imagem de líder próximo do povo. A imprensa oficial insiste em sua vida no campo durante a “revolução cultural” (1966-76), quando morou em uma caverna.

Ao final dos distúrbios da era maoista, Xi Jinping se formou como engenheiro químico na prestigiada Universidade de Tsinghua em Pequim, embora tenha feito carreira dentro do partido, para o qual entrou com apenas 21 anos.

Esposa cantora

Peng Liyuan, mulher de Xi Jingping, canta durante uma grande celebração em Pequim, em 2009. (Foto:  AFP / Imaginechina)

Peng Liyuan, mulher de Xi Jingping, canta durante uma grande celebração em Pequim, em 2009. (Foto: AFP / Imaginechina)  

O presidente chinês já conhecia os Estados Unidos: esteve em Iowa em 1985 para estudar agricultura. Ele se divorciou e em 1987 se casou com a cantora Peng Liyuan, então muito mais famosa do que ele. O casal teve uma filha.

Xi Jinping foi governador de Fujian em 2000 e líder do partido em Zhejiang em 2002, duas províncias costeiras que são vitrine da China reformista.

O presidente Hu Jintao recorreu a ele em 2007 para colocar ordem em Xangai, onde o então chefe do partido havia caído em desgraça após um escândalo de corrupção.

Neste mesmo ano, Xi Jinping ingressou no comitê permanente do gabinete político, politburo do PCC, cujo comando assumiu em novembro de 2012.

Xi fez da luta contra a corrupção o principal objetivo do seu mandato: em cinco anos mais de um milhão de autoridades foram punidas. Há quem suspeite que a campanha tente acobertar um expurgo da oposição interna.

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