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Tite diz que virada sobre Colômbia ajuda Seleção a criar “casca” e detona gramado: “É inadmissível”

Embora a seleção brasileira tenha conseguido a vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia, com gol nos acréscimos da partida desta quarta-feira, pela Copa América, o

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Redação Publicado em 24/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h30


Treinador diz que campo do Nilton Santos prejudicou fluência da partida contra a Colômbia

Embora a seleção brasileira tenha conseguido a vitória por 2 a 1 sobre a Colômbia, com gol nos acréscimos da partida desta quarta-feira, pela Copa América, o técnico Tite não poupou críticas ao gramado do estádio Nilton Santos após o jogo.

Tite já havia falado mal do campo depois da goleada por 4 a 0 sobre o Peru, na semana passada, mas desta vez usou palavras mais duras:

– Temos que entender o jogo dentro de um contexto. Um campo que não vou chamar de horrível, mas muito ruim pra se jogar futebol, prejudica todo o espetáculo. Quem quer criar não consegue. Foi muito rápido o tempo de fazer isso e não dá. É inadmissível atletas de duas equipes de alto nível, que jogam na Europa com tamanha qualidade de gramado e espetáculo melhor, maior, virem jogar num campo nessas condições. A bola fica picotada, nervosa. A fluência das jogadas fica toda prejudicada. Em vez de dar um tempo, você dá dois, três na jogada. Se pegar todos os atletas do Brasil e pedirem para eles fazerem um comentário sobre isso, eles vão falar quase que a mesma coisa que estou falando. Se a gente quer um grande espetáculo, temos que dar as condições. Ficou muito prejudicado. É um dos aspectos que quero deixar bem marcado.

A vitória sobre a Colômbia foi a décima consecutiva da Seleção, que atingiu a melhor sequência sob o comando de Tite. O Brasil, que já estava classificado para as quartas de final da Copa América, também assegurou a liderança do Grupo B do torneio.

Esta foi a quarta virada da seleção brasileira sob o comando do treinador. Antes, já havia superado Uruguai (2017), República Tcheca (2019) e Peru (2020) depois de sair atrás no placar.

Para ele, jogos como este ajudam a equipe a ganhar uma “casca”.

– Em termos de mentalidade, sim. Te confesso que esse jogo não é a característica que a tradição de Brasil x Colômbia teve. Vou falar do meu sentimento. Todos os outros jogos tiveram sim mais competitividade, mas teve mais jogo. Vai criando (casca) porque você joga pressionado. Jogar pressionado para criar no momento é difícil, um jogo desse nível. Daqui a pouco o jogo é picotado, você quer botar ritmo e não consegue. Corremos um sério risco de ficarmos nervosos, chateados – opinou.

Em 57 jogos no comando da Seleção, Tite tem 43 vitórias, 10 empates e quatro derrotas.

O duelo entre Brasil e Colômbia foi marcado por entradas duras e bate-bocas entre os jogadores, tema comentado pelo treinador após a partida:

– Prefiro olhar sob o prisma de que não comprou briga com ninguém. Não temos que comprar briga com ninguém, temos adversários do outro lado. Aliás, a Colômbia tem sido ao longo da história um dos adversários que têm uma qualidade técnica muito grande, um dos mais difíceis que temos enfrentado. O golaço da Colômbia mostra a qualidade que têm, um voleio que o Bebeto vai olhar e dizer “poxa, esse daí é muito parecido”. As duas equipes têm muita qualidade, têm essa capacidade. Não estivemos comprando briga com ninguém, isso é jogo de futebol. Se pegar os 95 minutos e eu disser “me mostra uma falta desleal do Brasil”… Eu desafio que encontre – declarou Tite, que ainda prosseguiu:

– Competimos de forma leal para buscar o resultado, botar volume com as adversidades que temos, o campo, entrando os jogadores que temos, fazendo nosso trabalho. Quando comemoramos, comemoramos juntos. Não confrontando o adversário, com exceção talvez minha. Teve um profissional funcionário da área adversária, de camisa vermelha, que ficou falando meu nome e eu disse que com ele não falava, só com Rueda. A ele apontei, porque não tinha que falar meu nome, não admitia aquilo. Tinha árbitro lá dentro, e que tinha outras condições para não ver confronto nenhum.

Tite conferiu o gramado do Nilton Santos antes de Brasil x Colômbia — Foto: André Durão

Tite conferiu o gramado do Nilton Santos antes de Brasil x Colômbia — Foto: André Durão

O treinador também demonstrou insatisfação com o árbitro argentino Néstor Pitana, mas evitou se alongar no assunto:

– E eu lastimo o que vou falar, não gostaria de falar, mas… O Pitana tem que cuidar, cuidar, cuidar – comentou.

A seleção brasileira volta a campo no domingo, diante do Equador, às 18h, no estádio Olímpico de Goiânia.

Veja outros trechos da entrevista coletiva de Tite:

Aprendizado com o jogo

– Você abordou um enfoque que, quando a equipe sai atrás no início do jogo, ela tem que construir, criar essas jogadas, organizar, acelerar, encontrar finalizações. E se propor com uma equipe que tem qualidade do outro lado e (estava) picotando o jogo, não dando uma sequência ao jogo normal traduzido da forma que o rival se propôs, sim. Ela (Colômbia) não queria jogo a partir de um momento, queria não estabelecer o ritmo. Nós precisávamos ritmar. E também teve esse componente de concentração alta para você ficar o tempo todo, o que é muito difícil. Entradas qualificaram a equipe de novo. Isso é mérito principalmente do atleta, porque bom domínio, passe, entrar no ritmo do jogo é muito difícil. Quem entrou teve essa capacidade. Seria muito fácil vir aqui e dizer que o atleta entrou frio, demorou um pouco. Os atletas não têm entrado frios. Esse “plus” que as substituições vão dando junto a um nível de concentração muito alto, em cima de um jogo que tem outras características… Foi extremamente importante a vitória.

Melhor com quatro atacantes?

– Começamos o jogo e a equipe produziu mais quando trouxe mais um articulador pra dividir as ações com Neymar. A equipe teve um desempenho e por isso teve 4 a 0. Respeito tua observação, mas tua leitura tá errada. Hoje, as necessidades do jogo foram se dando. Quando você joga com Firmino e Neymar por dentro, não joga com dois atacantes. Firmino é um 9 que é 10, um jogador de articulação e chegada. Então você tem dois jogadores agudos e dois de chegada. O detalhe mais importante no futebol não é quantos você tem na frente, mas com quantos você chega. Temos, invariavelmente, um quinto ou sexto homem.

Vou poupar jogadores que foram titulares nos três jogos?

– Nem sei quem é o time titular (risos), jogadores que vão se repetindo. Tenho o maior orgulho, e essa satisfação eu tenho, estava falando dentro do vestiário. A gente consegue mobilizar todos os atletas, saber da importância que eles têm. Daqui a pouco a necessidade do jogo é de uma característica ou de outra, ele vai e contribui. Hoje o Paquetá trouxe uma contribuição muito importante, que no outro jogo tinha sido o Everton, mas hoje não deu, porque a característica do jogo… Essa relação de deixar valorizado o atleta, cobrar desempenho e ao mesmo tempo prepará-lo faz uma diferença muito grande em jogos desse tamanho, decisivos como são esse. É jogo grande.

Mudanças no segundo tempo

– Foi uma sequência. Primeiro abrimos dois externos, com Firmino por dentro para fazer movimento e contra-movimento de infiltração. Uma liberdade para mais saída de lateral, dos dois. Uma saída conduzida com o Fred, por vezes estava abrindo espaço para o Fred conduzir e ser mais um jogador pra chegada na frente. Ajustar esses pontos. Conforme o jogo ia se apresentando, a gente foi fazendo essas mexidas, no quê? Paquetá pra fazer a do Fred, dar uma agressividade maior.

(César Sampaio, auxiliar, complementa) – Lodi (como) quinto homem ocupando esse espaço ofensivo, Cebolinha para dar amplitude, Gabriel Barbosa como homem flutuador que atacava esse espaço central. Fomos potencializando nossas movimentações ofensivas, consequentemente colocando a Colômbia para trás. Eles mudaram o tripé, colocaram mais um volante. Corremos um certo risco do contra-ataque, a equipe deles fica marcando baixo e joga nessa bola longa. Tivemos nível de concentração para não só terminar as jogadas, mas (também) quando não terminamos, tínhamos essa sustentação. Confiamos até o final. Na minha avaliação, fizemos por merecer esse resultado. Já vínhamos criando, tendo mais oportunidades, o domínio e o controle da partida.

Dez vitórias consecutivas

(César Sampaio) – Marca importante, mas nós temos traçado nossos objetivos maiores como norte. Acho que é parte de um processo. A gente vem buscando a classificação, entramos classificados e não nos acomodamos com isso. Nos preparamos para os dois sistemas da Colômbia. Acabaram acontecendo durante o jogo, aliado, como o Tite bem disse, à dificuldade do gramado. É uma equipe que gosta muito de ter a posse, foi prejudicada mas manteve o equilíbrio. Nosso maior objetivo, quando entramos em uma competição, são as conquistas. Ficamos felizes com a classificação, por ratificar tudo isso. Por vencer não só nossos adversários, mas as adversidades. A gente sempre pensa muito mais que uma sequência de vitória, procuramos conquistas.

(Tite) – E a gente procura preservar o espetáculo para quem está assistindo. Não falo só em relação ao Brasil. Quando a gente vê do outro lado tem Mina, Ospina, Sánchez, Zapata, Borré, Cuéllar. Tem jogadores de muita qualidade para estabelecer um espetáculo. Estou falando no geral, no contexto.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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