A produção industrial brasileira caiu 0,3% em agosto frente ao mês anterior, segundo divulgou nesta terça-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e
Redação Publicado em 02/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h09
A produção industrial brasileira caiu 0,3% em agosto frente ao mês anterior, segundo divulgou nesta terça-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi puxada pelo setor de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis.
Trata-se da segunda queda mensal seguida, o que não acontecia desde o final de 2015. O resultado de julho foi revisado para um recuo de 0,1% ante 0,2% divulgado na primeira leitura.
Já na comparação com agosto do ano passado, a indústria cresceu 2%, terceiro resultado positivo consecutivo, mas o menos intenso dessa sequência, o que reforça a leitura de perda de ritmo, pressionada pela fraqueza dos investimentos e incertezas para o setor em meio à corrida eleitoral.
No acumulado no ano, a indústria tem alta de 2,5%. Em 12 meses, a indústria também perdeu ritmo, passando de um avanço de 3,3% até julho para 3,1% até agosto.
O resultado contrariou as previsões. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 0,2% na variação mensal e de 3,2% na base anual.
“Na série histórica da indústria é possível observar que, sempre que tem um movimento de queda, de alguma forma, ele é compensado, no mês seguinte, com crescimento. Desde setembro a dezembro de 2015, não se via dois meses em sequência de resultados negativos”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo, segundo a agência Reuters.
A queda de agosto foi puxada pelo recuo de 2,1% na produção de bens intermediários e pela queda de 0,6% de bens de consumo semi e não duráveis. Por outro lado, o segmento de bens de capital, avançou 5,3%, revertendo parte do recuo de 5,4% verificado no mês anterior. Já o setor produtor de bens de consumo duráveis cresceu 1,2%, eliminando a queda de 0,7% registrada em julho.
Dos 26 ramos de atividade, 14 recuaram em agosto. A principal influência negativa foi do setor de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que caiu 5,7%. O IBGE ressalvou, porém, que o resultado do setor foi impactado pela interrupção da produção em algumas unidades. Outros destaques de baixa foram os setores de bebidas (-10,8%), de produtos alimentícios (-1,3%) e de indústrias extrativas (-2,0%).
Na outra ponta, os destaques de alta na produção foram os produtos farmacêuticos (alta de 8,3%), equipamentos de informática (5,1%) e veículos (2,4%).
No acumulado no ano, 16 dos 26 ramos registram crescimento, com destaque para a indústria automotiva (alta de 18,4%), que exerceu a maior influência positiva na formação da média da indústria, impulsionada pelos itens automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões e autopeças.
Já entre os 10 segmentos que acumulam queda no ano, a maior contribuição negativa para o índice foi a da produção de produtos alimentícios (-2,3%), pressionada pelos itens açúcar cristal, carnes, aves rações e sucos concentrados de frutas. Destaque também para a queda da produção de couro, artigos para viagem e calçados (-5,3%) e da confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3%).
Com o desemprego elevado e a confiança dos empresários ainda baixa diante das incertezas em relação às eleições, o Brasil vem mostrando dificuldades em engrenar um ritmo forte de crescimento, com as empresas relutando em investir.
No segundo trimestre, a indústria registrou contração de 0,6%, contribuindo para que o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrasse crescimento de apenas 0,2% sobre os três meses anteriores.
Após divulgação de alta de apenas 0,2% no PIB no 2º trimestre, analistas do mercado passaram a projetar um crescimento mais próximo a 1% em 2018. Segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa do mercado é que a economia cresça 1,35% em 2018, menos da metade do que era esperado do começo do ano.
Em meios às incertezas eleitorais, a confiança da indústria fechou o 3º trimestre em queda, o primeiro recuou trimestral em quase 2 anos, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).
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