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Presidente da Comissão Europeia discute adesão da Ucrânia à UE com Zelensky em Kiev

Presidente ucraniano pede maior 'engajamento jurídico' para que país possa oficializar candidatura ao bloco

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Redação Publicado em 11/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 14h24


Presidente ucraniano pede maior ‘engajamento jurídico’ para que país possa oficializar candidatura ao bloco

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegou neste sábado (11) à Kiev para uma visita dedicada ao pedido de entrada da Ucrânia na União Europeia (UE). Ela se reúne com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, e o primeiro-ministro Denys Chmygal.

“Vamos discutir sobre o trabalho em comum necessário para a reconstrução e os progressos obtidos pela Ucrânia em direção à Europa”, afirmou Von der Leyen a jornalistas em Kiev. A presidente da Comissão Europeia já havia viajado a Kiev no último 8 de abril.

Presidente Volodymy Zelenksy pede maior 'engajamento jurídico' para que Ucrânia possa oficialmente se candidatar à UE — Foto: Valentyn Ogirenko

Presidente Volodymy Zelenksy pede maior ‘engajamento jurídico’ para que Ucrânia possa oficialmente se candidatar à UE — Foto: Valentyn Ogirenko

A Ucrânia pede um “engajamento jurídico” concreto, até o final de junho, da parte dos europeus para oficializar sua candidatura à UE, sobre a qual não há consenso entre os 27 países-membros. Líderes do bloco devem se pronunciar na próxima semana sobre a questão, antes de uma cúpula nos dias 23 e 24 de junho que prevê abordar o assunto.

Intensos combates no leste

Von der Leyen chega à Ucrânia em um momento de intensificação dos combates no leste. Na manhã deste sábado (11), o escritório de Zelensky anunciou que bombardeios foram realizados durante à noite pelos “ocupantes” em várias cidades do Donbass, principalmente nos arredores de Kharkiv, Lugansk e Donetsk.

“A Rússia quer devastar cada cidade do Donbass, cada uma delas, sem exagero”, afirmou o presidente ucraniano na noite de sexta-feira. “Os militares ucranianos fazem de tudo para colocar um fim aos ataques dos ocupantes, com todas as armas pesadas e a artilharia moderna que a Ucrânia possui”, reiterou, reforçando o apelo por material militar aos países ocidentais.

Em Severodonetsk, o principal alvo da Rússia no leste, os combates continuam. As tropas russas controlam a maior parte desta cidade considerada estratégica para Moscou.

“O inimigo continua a atacar Severodonetsk”, indicou nesta manhã o Exército ucraniano em comunicado. Segundo a nota, as tropas do país conseguiram barrar 14 ataques nas regiões de Donetsk e Lugansk nas 24 últimas 24 horas, mas os russos avançam nos arredores do município de Orikhovo.

Epidemia de cólera em Mariupol

Kiev também fez um apelo à comunidade internacional por ajuda humanitária, diante da propagação de doenças como a cólera e a disenteria, em Mariupol, no sudeste do país. Nesta cidade que foi reduzida à ruínas pelo exército russo, as estruturas sanitárias foram completamente destruídas e cadávares estão há semanas espalhados pelas ruas.

“A guerra que levou 20 mil habitantes, infelizmente com essas infecções vai custar a vida de milhares de moradores a mais”, afirmou o prefeito de Mariupol, Vadym Boïtchenko. Ele também pediu que a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha organizem um corredor humanitário para permitir a retirada de pessoas que não conseguiram deixar o local até o momento.

Nas cidades que puderam ser retomadas pelas tropas ucranianas, organizações independentes realizam investigações sobre possíveis crimes de guerra. A ONG Human Rights Watch publicou na sexta-feira (10) um relatório sobre o trabalho que realizou em Tchernihiv, a 120 quilômetros ao norte de Kiev, que foi cercada pelas tropas russas em março.

Segundo a ONG, a Rússia violou as convenções atualmente em vigor, assassinando cidadãos ucranianos de forma indiscriminada. Uma das investigadoras, Belkis Willé, trabalhou no local e conversou com a RFI.

“Muitos dos ataques que documentamos claramente violam as leis da guerra. Por exemplo, uma dessas agressões custou a vida de 47 civis ucranianos, em uma área onde não havia nenhum alvo militar”, diz.

Para chegar a essa conclusão, o grupo passou uma semana no local reunindo informações e provas, como imagens de satélite, fotos e vídeos, além do registro de testemunhos dos moradores. “Espero que autoridades — sejam elas do Tribunal Penal Internacional, da Ucrânia ou de outros países europeus — deem sequência a essas investigações para pedir explicações aos comandandantes russos que ordenaram e permitiram que esses ataques ocorressem”, salientou.

G1
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