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Polícia faz buscas na Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia atendimentos

A Polícia Civil faz na tarde desta terça-feira (18) buscas na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde o médium João de Deus, preso suspeito de abusos

Polícia faz buscas na Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia atendimentos
Polícia faz buscas na Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia atendimentos

Redação Publicado em 18/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h30


Entre os objetivos está verificar como é sala onde supostamente ocorreram os abusos. Médium está preso no Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia, e nega as acusações.

A Polícia Civil faz na tarde desta terça-feira (18) buscas na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde o médium João de Deus, preso suspeito de abusos sexuais, fazia atendimentos espirituais. A defesa dele sempre negou as acusações e entrou com um pedido de habeas corpus nesta segunda (17), mas Justiça ainda não o analisou.

  • Ministério Público recebeu 506 relatos de abusos sexuais
  • Das mulheres que denunciaram caso ao MP, 30 já foram ouvidas
  • Polícia Civil colheu depoimentos de outras 15 mulheres. Apenas 1 caso vai virar inquérito
  • Há relatos de supostas vítimas de seis países e vários estados brasileiros
  • Médium é investigado por estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude
  • Força-tarefa também pretende investigar denúncia de lavagem de dinheiro
  • Não há pedido para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola, onde médium atende

Segundo apurações da TV Anhanguera, o principal objetivo da corporação é verificar o local onde supostamente ocorreram os abusos. Em depoimento, o médium afirmou que possui uma sala na Casa Dom Inácio de Loyola, cuja porta é transparente. Ele declarou que “nunca trancou a porta para atendimentos e, muitas vezes, é o atendido quem a tranca”.

Segundo João de Deus, a sala também possui um sofá, um local para refeição e um banheiro. Ele contou também que há duas janelas na sala, uma geralmente fica aberta e a outra fechada.

“Outras pessoas podem visualizar o interior [da sala] do exterior”, afirma o suspeito.

Diante dessas declarações, a polícia quer colher imagens do local para poder confrontar com todos os depoimentos colhidos.

Sala onde aconteciam atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia — Foto: Alessandro Vieira/TV Anhanguera

Sala onde aconteciam atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia — Foto: Alessandro Vieira/TV Anhanguera

O mandado de busca e apreensão foi expedido junto com o pedido de prisão do médium. No documento, constam três endereços ligados a João de Deus no interior do estado, onde a corporação pode fazer o trabalho de investigação.

Esta é a primeira vez que a Polícia Civil entra na Casa desde que as denúncias de abuso sexual começaram a surgir.

Casa aberta

Chico Lobo, um dos administradores do local, disse que, mesmo com o trabalho da polícia, a Casa Dom Inácio de Loyola segue aberta e recebendo as pessoas. Os principais dias de atendimento são nas quartas, quintas e sextas-feiras.

“Está aberta e vai continuar aberta, a menos que tenha uma ordem da Justiça para fechar. Vamos continuar fazendo os trabalhos de atendimento e passe”, explicou. O local atende cerca de 5 mil pessoas por semana, segundo o administrador.

O advogado de defesa Alberto Toron informou que não foi comunicado sobre as buscas feitas na casa de não tem conhecimento do objetivo da ação.

O médium João de Deus, preso em Goiás sob acusação de abuso sexual — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O médium João de Deus, preso em Goiás sob acusação de abuso sexual — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Denúncias

João de Deus teve a prisão decretada na sexta (14) a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), que investigam os relatos de abuso sexual durante atendimento na Casa Dom Inácio de Loyola. No domingo, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia.

O médium prestou depoimento na noite de domingo, durante três horas. João de Deus afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias de abuso sexual virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos últimos dias.

Segundo o advogado Alberto Toron, o pedido de habeas corpus foi protocolado nesta segunda-feira (17). Em entrevista no domingo, ele citou como alternativas possíveis uma prisão domiciliar e o uso de tornozeleira eletrônica. Além disso, negou que tenha havido intenção de fuga.

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