Redação Publicado em 08/07/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h47
Já falei sobre isso nesta coluna, mas o assunto me pegou de novo nos últimos dias. Ando meio agitada. Com muitas tarefas e compromissos. Tem hora que faço algo pensando no que tenho depois. Almoço e janto, por exemplo, com o celular nas mãos e dirijo já esperando chegar ao destino. É desgastante e para piorar, eu me culpo por viver nesta inércia. Tento relaxar, mas fico de olho na hora. Estou em uma conversa, mas com a mente longe. Me sinto uma farsa. Não gostaria que alguém me tratasse assim. Inclusive, este já foi o principal sinal para o término de um relacionamento do passado. Estávamos nos conhecendo ainda, mas em um jantar ele pegou o celular. Ficou trocando mensagens com o grupo de amigos e eu só observando. Deixei para ver aonde ia chegar…. Semanas depois, chegou ao fim. A perda do interesse dele ficou clara ali pra mim.
Não estar cem por cento para algo ou para alguém, me fez lembrar de um livro sobre os treinamentos que tornaram Ayrton Senna o ídolo que é. Nuno Cobra, o preparador físico dele já trabalhava o foco. Época que não se falava no método de meditação mindfulness ou atenção plena. Senna também não tinha tentações como o celular e WhatsApp (ninguém nem sonhava o que seria esta ferramenta uns anos depois). Mas mesmo se tivesse, acho que nada o tiraria de seu rumo. Quando ele estava na pista, estava na pista. Ele vivia aquilo. Treinava para vencer e assim acontecia. O treino pra ele era jogo. Sabia e fazia tudo com intenção. Em uma entrevista que está no Youtube e pode ser acessada, o piloto disse “você treina o corpo para fazer o que você quer, não o que ele quer. E você treina a mente para fazer o mesmo!”.
Quase trinta anos depois parece que ainda estamos longe de aprender esta lição. Tenho conversado com tanta gente e viver sempre para “o depois” tem sido uma das maiores dores. Conheci uma mulher que disse nunca deitar pra uma soneca. Nem no fim de semana. Ela se sente incapaz de desligar, porque ela deita e a mente não para. Eu sinto muito por ela, porque nada é melhor que um bom cochilo. Outra coisa que tem pirado as pessoas são os relógios com alerta de notícias e mensagens. O povo vive olhando pra qualquer luz que acende no visor. Deixa de olhar pra frente, pro lado, pra dentro…
O que custa para nós focar? O que trinta minutos, uma hora ou até duas horas dedicadas a uma única coisa vai atrasar nas nossas vidas? Para tentar me corrigir criei no celular (sempre ele) uma lista de tarefas. Assim descarrego a minha cabeça ali e consigo “tentar” focar no momento. Com tudo anotado, nesta correria do dia a dia não corro o risco de deixar nada para trás. Está funcionando!
Seja para um atleta ou para você que está lendo este texto, o segredo do bem estar sempre será o presente. Deixa pra lá o que passou, não se preocupe com o que vem e tenha a consciência da importância do hoje. Viver o momento é mesmo como uma pista cheia de obstáculos, mas não perca mais tempo pensando. Pise fundo no acelerador, siga em frente e faça a curva!
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