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Leandro “Guerreiro” conta como a caixeta ajudou São Paulo a ganhar tri do Brasileirão.

O São Paulo começa neste sábado, a partir das 21h (de Brasília), a trajetória em busca do sétimo título de Campeonato Brasileiro. Depois de quebrar o jejum

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Redação Publicado em 29/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 18h13


Ex-atacante conta segredos para sucesso de última geração campeã brasileira pelo clube.

O São Paulo começa neste sábado, a partir das 21h (de Brasília), a trajetória em busca do sétimo título de Campeonato Brasileiro. Depois de quebrar o jejum geral de quase nove anos sem taças com o troféu do Paulista, a equipe agora busca o topo a nível nacional. São 12 temporadas sem gritar “é, campeão” para um clube acostumado às glórias do passado.

Diante deste cenário, a reportagem doge procurou um dos símbolos da última era vitoriosa do São Paulo no Brasileirão. Conhecido pela entrega e até hoje mais reconhecido pelo destaque com a camisa tricolor, Leandro “Guerreiro” contou sobre um dos segredos daquele time que venceu três títulos consecutivos nos anos 2006, 2007 e 2008.

Presente na primeira e segunda conquistas, Leandro elegeu o clima do elenco como fator fundamental para o sucesso, algo enxergado no atual trabalho de Hernán Crespo. Porém, há 15 anos, um jogo de baralho servia para esquentar o lado competitivo e unir um grupo inteiro de atletas, liderado na época por Muricy Ramalho.

– (Principal segredo) Era vontade de vencer. Era um time com simplesmente vontade de ganhar. Tinha briga até no rachão, discussão na caixeta. Fora de campo ou no jogo, a gente tinha essa vontade. Era bacana demais. A caixeta era algo que nos uniu. Se você tinha 20 relacionados para um jogo, 18 ali jogavam a caixeta. Praticamente entrávamos no clima competitivo um dia antes – comentou Leandro.

Engana-se quem coloca Leandro “Guerreiro”, Souza, Aloisio Chulapa (a quem chama de irmão) e outros ex-atletas mais “da resenha” como os Reis da Caixeta. O “patrão” Rogério Ceni, principal líder do elenco e maior estrela daquele elenco, também sobrava no carteado.

– O bom era o Rogério. Ele ganhava bem, dobrava a caixeta, sempre aumentando. Ele era o bom, mas o melhor era estar todo mundo junto. Alex Dias também era engraçado tirando carta maior no jogo – recordou-se Leandro.

Leandro "Guerreiro" conquistou o Brasileirão em 2006 e 2007 pelo São Paulo — Foto: Reprodução/Instagram

Leandro “Guerreiro” conquistou o Brasileirão em 2006 e 2007 pelo São Paulo — Foto: Reprodução/Instagram

A presença de Rogério Ceni na caixeta servia para aliviar qualquer bronca sobre a “turma do fundão” do São Paulo. O ex-goleiro fez até segurança mudar de semblante quando a jogatina rolava na alta madrugada, antes de uma partida pela Libertadores.

– Estávamos em Cusco, véspera de jogo, 4 e pouco da manhã, o Rogério perdendo. Ele estava de costas para a porta, aí apareceu o Marcão, segurança que está lá até hoje, bateu na porta e gritou: “Vocês estão de sacanagem, são 4h30, amanhã tem jogo, pode acabar isso aí”. Quando o Rogério virou, ele mudou e falou “querem suco, querem um lanche?”. O Souza na resenha disse: “como vai achar lanche 4h30 no Peru?” – contou, rindo da lembrança.

A noite da união pelo “Fica, Muricy”

Nem todas as recordações, contudo, são felizes sobre aquela época. Há outra história citada como fundamental por Leandro para o sucesso absoluto daquele time. Houve um momento de pressão em que o grupo se uniu para sustentar uma pessoa: Muricy Ramalho.

O São Paulo havia sido eliminado da Libertadores de 2007 para o Grêmio, ainda na fase oitavas de final, e a pressão sobre o trabalho de Muricy Ramalho cresceu. O treinador, após um tropeço em casa pelo Brasileirão, foi para uma reunião com a diretoria e teve uma surpresa quando retornou aos vestiários, já na madrugada.

– Quando chegamos no vestiário para fazer a oração, o Muricy não estava, pois tinha sido chamado pela diretoria para uma reunião. Nenhum jogador foi embora, todo mundo esperou ele voltar depois de umas 2 ou 3 horas. Ele retornou por volta das 2 ou 3 da manhã e tomou um susto – relembrou Leandro “Guerreiro”.

– A gente disse: “Estávamos te aguardando, professor, estamos juntos”. Chegamos a dizer: “Se você for sair, também provavelmente vamos sair”. Muricy disse na mesma hora que a partir dali não iríamos perder mais, que seríamos campeões. Nos abraçamos ainda mais fortes naquele caso, viramos ainda mais fortes – afirma.

Leandro "Guerreiro" em visita ao São Paulo — Foto: Leandro Canônico

Leandro “Guerreiro” em visita ao São Paulo — Foto: Leandro Canônico

Leandro fala de Muricy como um filho fala do pai de quem colhe grande admiração. A presença do ex-treinador no atual grupo, como coordenador de futebol, faz a diferença. O antigo atacante/ala, inclusive, faz questão de mostrar o papel do comandante naquela era vitoriosa.

– Ele tira o melhor de cada atleta. Sabe cobrar de um, sabe agir de outra forma com outro. Ele trata todo mundo igual no geral, independente do que o cara fez. Quem chega no clube é tratado igualmente, tendo a mesma atenção e carinho. Ele sempre tirou o melhor de cada um. A maior virtude, para mim, é a fome de vencer, nos treinos, rachão e jogos. Você fica marcado por vencer, ele dizia – conta Leandro.

Leandro "Guerreiro" e Muricy Ramalho: relação de pai e filho — Foto: Reprodução/Instagram

Leandro “Guerreiro” e Muricy Ramalho: relação de pai e filho — Foto: Reprodução/Instagram

– Minha primeira chance no São Paulo foi como ala. Quando tive a oportunidade na ala, ele veio me perguntar se eu estava preparado; disse que sim. Minha estreia acabou sendo sensacional: fiz gol na ala, fui um dos melhores em campo e ainda desci com a camisa do Rogério Ceni. Se você ajuda e se sacrifica, as coisas ficam mais fáceis. Posso dizer que meu relacionamento com ele é de filho para pai – encerrou.

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Fonte: Ge – Globo esporte

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