Parece claro, para quem analisa o dia a dia da política brasileira, que o presidente Jair Bolsonaro vai continuar conversando com os radicais. E isso acontece
Redação Publicado em 29/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h25
Parece claro, para quem analisa o dia a dia da política brasileira, que o presidente Jair Bolsonaro vai continuar conversando com os radicais. E isso acontece não porque é interessante estrategicamente, mas porque os mais próximos do presidente (e ele mesmo) acreditam que, se isso deu certo em 2018, pode funcionar em 2022.
Como do outro lado está o ex-presidente Lula, que consegue juntar as esquerdas e uma parte importante do centro, que votaria nele com uma certa contrariedade, tudo parece claro: se não aparecer alguém que, a partir do centro, busque a centro-direita e uma parte da centro-esquerda, a tendência é que tenhamos uma disputa entre Lula e Bolsonaro.
Então, Doria, Ciro, Mandetta, entre tantos outros, tentam cumprir o papel de “invasor” do cenário, para tentar garantir a atenção de quem se arrependeu de votar em Bolsonaro e não quer mesmo votar em Lula.
Mas, como tudo pode ser imaginado quando ainda não aconteceu, fico observando que pode haver uma outra possibilidade para a eleição de 2022: um bolsonarista light, que venha da base do presidente, roube votos dele e caminhe para o centro.
E não estou falando sobre Sérgio Moro, que poderia ter feito isso, mas se enrolou e caiu em desgraça. Isso pode ocorrer com alguém que ainda esteja no governo e, no meio das trapalhadas do presidente, construa um roteiro para um rompimento “digno” e a apresentação como solução.
Você pode estar se perguntando agora: mas quem? Tarcísio Gomes Freitas, por exemplo. Citado diversas vezes com um dos únicos competentes no governo, se souber dar o passo na hora certa, pode romper com o presidente, com um motivo nobre, desenvolver um discurso de competência, pegar uma parte importante dos eleitores bolsonaristas e caminhar para o centro, deixando Doria, Mandetta e outros a ver navios.
Mas isso é quase um exercício de adivinhação, uma tentativa de dizer que a certeza que muita gente tem, de um embate entre Lula e Bolsonaro, pode nem acontecer.
Afinal, com tanta antecedência para 2 de outubro de 2022, tudo pode acontecer, inclusive a aparição do “bolsonarismo light”.
Kleber Carrilho é professor, analista político e doutor em Comunicação Social
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