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Justiça interroga casal acusado de matar, esquartejar e queimar zelador em SP

O segundo dia do júri popular do casal Eduardo e Ieda Martins, preso preventivamente sob a acusação de matar, esquartejar e queimar o zelador Jezi Lopes de

Justiça interroga casal acusado de matar, esquartejar e queimar zelador em SP
Justiça interroga casal acusado de matar, esquartejar e queimar zelador em SP

Redação Publicado em 03/10/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h22


O segundo dia do júri popular do casal Eduardo e Ieda Martins, preso preventivamente sob a acusação de matar, esquartejar e queimar o zelador Jezi Lopes de Souza, de 63 anos, em São Paulo, ocorre nesta terça-feira (3) com o interrogatório dos réus.

O julgamento, que começou na segunda-feira (2), com o depoimento de 11 testemunhas, entre acusação e defesa, será retomado às 9h30 desta terça no plenário 10 do Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital. O local foi reservado para cinco dias, mas a expectativa é a de que o júri termine até quarta-feira (4).

O publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins, de 50 anos, é acusado pelo Ministério Público (MP) de matar Jezi em 30 de maio de 2014 após discutir com ele no apartamento onde morava com a mulher e o filho na Zona Norte de São Paulo. A advogada Ieda Cristina Cardoso da Silva Martins, de 45, é acusada de ajudar o marido no crime.

À época, Eduardo alegou que a morte de Jezi foi acidental e ocorreu durante uma discussão por problemas no condomínio na qual o zelador ameaçou matar seu filho e durante a briga bateu a cabeça no batente da porta e morreu. Em um vídeo, o réu ainda inocentou a mulher, dizendo que Ieda não participou dos crimes. Ela também se disse inocente em entrevista ao Fantástico.

Casal Eduardo e Ieda Martins (no porta-retrato) são acusados de matar o zelador Jezi Souza (detalhe ao alto) no apartamento onde morava na Zona Norte em 2015; corpo da vítima foi esquartejado em 17 partes (Foto: Kleber Tomaz/G1 e Arquivo Pessoal)

Casal Eduardo e Ieda Martins (no porta-retrato) são acusados de matar o zelador Jezi Souza (detalhe ao alto) no apartamento onde morava na Zona Norte em 2015; corpo da vítima foi esquartejado em 17 partes (Foto: Kleber Tomaz/G1 e Arquivo Pessoal)

“É a pessoa mais fria que conheci nos meus 26 anos de polícia”, disse um policial que investigou o caso sobre a impressão que teve do publicitário. Segundo informou o Bom Dia São Paulo, ele prestou depoimento como testemunha da acusação.

No interrogatório, os acusados poderão ser questionados pelo crime pela juíza Flávia Castellar Olivério, pela Promotoria, seus advogados e até pelos sete jurados. Eles têm o direito de responder ou não as perguntas.

Eduardo responde por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento público, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e de uso restrito.

Ieda é julgada por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Câmeras do prédio gravaram último momento em vida do zelador saindo do elevador; na outra imagem, foi captado o momento que publicitário Eduardo Martins deixa imóvel levando mala onde estava corpo de Jezi Souza (Foto: Reprodução/TV Globo)

Câmeras do prédio gravaram último momento em vida do zelador saindo do elevador; na outra imagem, foi captado o momento que publicitário Eduardo Martins deixa imóvel levando mala onde estava corpo de Jezi Souza (Foto: Reprodução/TV Globo)

Posteriormente, ocorrerá a fase dos debates entre o promotor Eduardo Campana e os advogados dos réus. Como essa etapa poderá durar até nove horas, existe a possibilidade de que ela ocorra na quarta-feira (2) para não cansar os jurados (seis homens e uma mulher).

“Os depoimentos dessas testemunhas são firmes e coesos de que ele [publicitário] agiu com intenção de matar [o zelador]”, disse o promotor Campana ao Bom Dia São Paulo.

Ao G1, o advogado Marcello Primo, um dos três advogados que atuam na defesa de Eduardo, disse que seu cliente “nunca teve a intenção de matar. Aconteceu a confusão e ocorreu a fatalidade”.

Ainda ao Bom Dia São Paulo, o advogado Pedro Cruz, que defende Ieda, declarou que “ela não estava no local do crime” e portanto é inocente da acusação de ter ajudado o marido a cometer o crime.

Caberá aos jurados decidir se absolvem ou condenam o casal. Para isso eles farão uma votação secreta após os debates. Os votos serão somados e a juíza anunciará a decisão majoritária do júri. Em seguida, ela aplicará a sentença a partir dessa escolha. Em caso de eventual condenação, caberá a magistrada a dosimetria da pena.

Caso morte zelador (Foto: Reprodução/TV Globo)

Caso morte zelador (Foto: Reprodução/TV Globo)

O crime

As mesmas câmeras de segurança do prédio que gravaram o desaparecimento do zelador em 30 de maio de 2014 após ele sair do elevador e não voltar, também mostraram o momento em que o casal deixa o imóvel carregando uma mala, onde depois se descobriu que estava o corpo de Jezi.

Em 2 de junho daquele mesmo ano a polícia encontrou o cadáver do zelador esquartejado em 17 partes e queimado numa casa em Praia Grande, litoral paulista. O publicitário foi preso em flagrante com um serrote.

Em 2014, a reportagem visitou e fotografou o apartamento onde ocorreu o crime porque o casal queria vendê-lo. A reportagem também teve acesso a imagens da reconstituição no local e na casa de praia.

Prédio onde zelador trabalhava e foi morto em 2014 (Foto: Kleber Tomaz/G1)

Prédio onde zelador trabalhava e foi morto em 2014 (Foto: Kleber Tomaz/G1)

Rio de Janeiro

Os casal Martins também é acusado por outro crime: o assassinato do ex-marido de Ieda no Rio de Janeiro em 2005. O publicitário e a advogada negam, mas eles também serão julgados por esse homicídio.

Apesar disso, Ieda está presa no Rio por causa desse homicídio. Mas por causa do julgamento em São Paulo, ela foi transferida temporariamente a São Paulo para ser interrogada com o publicitário. Eduardo está detido em Tremembé, interior paulista.

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