Diário de São Paulo
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Projeto de Paraisópolis que confeccionou vestido da 2ª colocada no Miss Universo já capacitou 250 mulheres em 4 anos

No principal concurso de beleza do mundo, a brasileira Julia Gama - coroada como 2º lugar no Miss Universo - usou um vestido que foi confeccionado bem longe

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Redação Publicado em 29/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h29


Após denúncia de violência doméstica, o Costurando Sonhos Brasil surgiu para oferecer formação e autonomia financeira a mulheres da comunidade.

No principal concurso de beleza do mundo, a brasileira Julia Gama – coroada como 2º lugar no Miss Universo – usou um vestido que foi confeccionado bem longe do glamour dos desfiles em Miami, nos Estados Unidos. A peça foi costurada pela iniciativa Costurando Sonhos Brasil, que fica no coração de Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo.

Recém moradora da capital paulista, Julia conheceu o projeto em dezembro de 2020, quando esteve em Paraisópolis participando da entrega de cestas básicas e brinquedos em uma ação social de Natal.

Como já estava em preparação para o Miss Universo, ela teve a ideia de levar o trabalho das costureiras da comunidade para o concurso. Para a criação da peça, Julia chamou a estilista Michelly X, uma mulher trans. Queridinha das famosas, Michelly já desenhou peças para Xuxa e Ivete Sangalo.

“O vestido tinha na medida certa a sua sofisticação, mas também valorizava o corpo, me deixava com uma presença muito forte, ficou na medida perfeita para o que a gente precisava lá. E eu fiquei muito orgulhosa de poder mostrar o trabalho delas para o mundo”, disse Julia ao G1.

O projeto Costurando Sonhos Brasil foi criado em 2017. Suéli Feio, uma das idealizadoras, conta que a iniciativa surgiu quando ela atendeu uma mulher que tinha sido agredida – junto com um bebê de colo – por seu companheiro.

“E aí nasceu essa ideia de capacitar e de empoderar as mulheres através da capacitação profissional e depois ajudar a inserir no mercado de trabalho ou absorver na nossa oficina colaborativa”, disse Suéli.

De 2017 até agora, 250 mulheres já foram capacitadas em corte, costura e modelagem pelo projeto, que conta com a parceria do Senai.

“A gente acredita muito na força do trabalho e na autonomia financeira. A gente acha que é o que resolve e quebra correntes”, disse a idealizadora do projeto.

Na pandemia, o Costurando Sonhos também foi impactado e em 2020 apenas 10 mulheres conseguiram se formar no curso. Como o ateliê teve que ser fechado por um tempo, para evitar que as costureiras perdessem renda, o projeto doou máquinas de costura e 78 profissionais estão trabalhando em home office.

Suéli Feio é uma das idealizadoras do projeto Costurando Sonhos, que surgiu em 2017 para levar autonomia financeira às mulheres de Paraisópolis — Foto: Fábio Tito/G1

Suéli Feio é uma das idealizadoras do projeto Costurando Sonhos, que surgiu em 2017 para levar autonomia financeira às mulheres de Paraisópolis — Foto: Fábio Tito/G1

Em 2020, a maior parte do rendimento das costureiras da iniciativa veio da confecção de máscaras. Além de serem comercializadas, cerca de 350 itens de proteção foram doados para a comunidade, que se uniu contra o coronavírus, contratou ambulâncias e entregou marmitas.

Em 2021, a maior demanda do Costurando Sonhos tem sido por máscaras infantis, por causa da volta às aulas presenciais.

“E hoje a gente discute de que forma faz a expansão, de que forma a gente continua impactando. Infelizmente tem muitas mulheres nessa situação, essa situação tem aumentado”, contou Suéli.

A situação é a de violência doméstica. Na semana passada, uma líder comunitária de Paraisópolis foi morta a facadas. Segundo vizinhos, a vítima tinha se separado do ex-marido, que insistia em retomar o relacionamento, e é suspeito de ter cometido o crime. Amarilis de Souza, de 31 anos, deixou cinco filhos.

Além das mulheres capacitadas, o Costurando Sonhos também lançou uma marca própria, a Eleva, e se prepara para lançar sua terceira coleção.

“A Nildes [outra idealizadora] fala que o céu é o limite, é de Paraisópolis para o mundo, e realmente já está no mundo. Então hoje a gente está com o desafio, e a gente sonha muito que a gente possa andar por esse Brasil afora levando esperança, costurando sonhos”, afirmou Suéli.

Maria Nildes, Camila Prado e Suéli Feio fazem parte do Costurando Sonhos, projeto de Paraisópolis que costurou um dos vestidos usados pela brasileira que ficou em 2º lugar no Miss Universo — Foto: Fábio Tito/G1

Maria Nildes, Camila Prado e Suéli Feio fazem parte do Costurando Sonhos, projeto de Paraisópolis que costurou um dos vestidos usados pela brasileira que ficou em 2º lugar no Miss Universo — Foto: Fábio Tito/G1

Maria Nildes é uma das idealizadoras do projeto Costurando Sonhos, que surgiu em 2017 para levar autonomia financeira às mulheres de Paraisópolis — Foto: Fábio Tito/G1

Maria Nildes é uma das idealizadoras do projeto Costurando Sonhos, que surgiu em 2017 para levar autonomia financeira às mulheres de Paraisópolis — Foto: Fábio Tito/G1

O projeto Costurando Sonhos fica no Pavilhão Social do G10 das Favelas junto com outras iniciativas, como uma horta comunitária — Foto: Fábio Tito/G1

O projeto Costurando Sonhos fica no Pavilhão Social do G10 das Favelas junto com outras iniciativas, como uma horta comunitária — Foto: Fábio Tito/G1

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Fonte: G1

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